Caríssimos amigos, Como todos sabem, no passado dia 5 de Julho, morreu o Luís Sepúlveda, vítima de uma paragem cardíaca. Haverá uma missa de 7º dia, no dia 11 de Julho, às 19h e 30m, no Vale de Santarém e outra no dia 12, às 19h e 30m, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, no Lumiar, em Lisboa. Falar do Luís Sepúlveda é falar de alguém que gostava do G.F.A. de Santarém como ninguém, é falar de um grande amigo de que sempre gostei muito. A minha amizade pelo Luís já vem de longa data, apesar de existir uma diferença de idade de 16 anos. Era amigo dos meus irmãos mais velhos, desde muito novo que me habituei a vê-lo no Verão, em S. Martinho do Porto, quando comecei a andar atrás do Grupo (1986) e a nossa aproximação foi-se dando, pois ele gostava de acompanhar a vida do Grupo. À medida que fui crescendo como forcado a nossa amizade foi crescendo e consolidando-se. Gostava muito de falar comigo sobre o nosso Grupo, o Luís tinha o Dom de me fazer sentir importante, tratava-me com respeito, com consideração, de igual para igual, por isso a minha fixação por ele, eu 16 anos mais novo que ele e tratava-me como se tivéssemos a mesma idade, chegando ao ponto de me dar autorização para o tratar por tu, sempre nos respeitámos mutuamente. A partir do momento em que os seu filhos começaram a andar atrás do Grupo, primeiro o Nuno e depois o Vasco, o Luís passou a ser presença assídua nos treinos, corridas, piqueniques, jantares do Grupo de Santarém e, nesta altura, a nossa amizade tornou-se bastante mais forte, não sei, talvez pelo facto de eu nesse momento ser um forcado com alguma maturidade e estatuto dentro do Grupo, e ele achar que eu poderia orientar e “tomar conta” dos seus meninos. Muitas vezes me emprestava a sua carrinha para levar os filhos e amigos, que eram os miúdos da altura, para as corridas, e quando se apercebia que era um dos filhos que ia pegar, saltavam-lhe imediatamente as lágrimas dos olhos, principalmente se fosse o “mê Vasquinho”. Era um Homem que se emocionava facilmente e que não tinha vergonha de chorar ao pé dos amigos, pedir-lhe que discursasse num jantar, era uma carga de trabalhos, pois emocionava-se sempre. Quando se começou a pôr a hipótese de eu assumir o cargo de Cabo do Grupo, o Luís foi a primeira pessoa que me falou directamente no assunto, desafiou-me para almoçar e a meio do almoço virou-se para mim e disse: “ Põe-te a pau que os putos vão-te entalar”, foram exactamente estas as suas palavras e, a partir daí, comecei a relacionar os telefonemas e as conversas que me tinham sido feitas por várias pessoas e sempre era verdade o que o Luís me tinha dito, no dia seguinte fui abordado por uma série de pessoas a porem-me a questão e a questionar se eu estaria disponível. A partir do 1º momento em que decidi aceitar o convite para ser Cabo do Grupo, até ao dia da sua morte, o Luís Sepúlveda foi incansável no apoio e ajuda que me deu na gestão do Grupo, foi um dos grandes responsáveis por eu ter aceite este convite, assim como foi um dos principais responsáveis pela montagem do museu do nosso Grupo na 1ª feira do toiro em Santarém, o entusiasmo e dedicação que pôs nisto, foi de tal maneira contagiante, que eu ia de Lisboa a Santarém e voltava sem dar pelos quilómetros. Na primeira corrida, dia 16 de Junho de 2002, em Santarém, em que saí oficialmente como Cabo, o Grupo fardou-se na sua casa, no Vale de Santarém, e foi aí que este ano, no dia 10 de Junho, o Grupo se fardou para pegar também uma corrida em Santarém. Na segunda feira seguinte (12 Junho 2006) telefonou-me emocionado, com a limpeza e arrumação, com que os mais novos do Grupo tinham deixado a casa onde nos fardámos, e a agradecer, também, por o Grupo se ter ido fardar a sua casa. Imaginem só: recebeu-nos da maneira como recebeu e ainda telefonou a agradecer-nos. O Luís Sepúlveda era assim. Para além de ter sido um grande forcado do nosso Grupo, nas décadas de 60 e 70, deu-nos dois extraordinários forcados, os seus filhos Nuno e Vasco, e participou com intensidade e dedicação, na vida do G.F.A. de Santarém, até ao fim dos seus dias. Recebeu-nos sempre de uma maneira extraordinária, não só o Luís como toda a sua família. Não tenho qualquer pretensão, em fazer-me passar como o melhor amigo do Luís, isso não seria verdade, porque ele tem muitos e bons amigos, apenas quero deixar o meu testemunho de respeito, consideração e amizade por alguém que me deu a grande honra de tratar como amigo e de quem já tenho muitas saudades. Os Espanhóis têm uma Sevilhana, que na sua letra diz uma coisa, que eu não paro de cantarolar nestes momentos, e que traduz exactamente o meu estado de espirito: …”algo se muere en el alma, quando un amigo se vá...”
A toda a sua família e amigos, em meu nome e em nome do Grupo de Forcados Amadores de Santarém, envio um enorme abraço. Pelo Grande Luís Sepúlveda e pelo G.F.A. de Santarém Venha Vinho, Pedro Graciosa 10 de Julho de 2006 São Martinho do Porto, 1958 - Luís Sepúlveda (primeiro da esquerda) com a mãe e os irmãos. Feira do Ribatejo, 1962 - Luís Sepúlveda (de pé) e os irmãos. Malveira, 1973 - Luís Sepúlveda a rabejar. Vila Franca de Xira, 1973 - Luís Sepúlveda a pegar um toiro da ganadaria Oliveira Irmãos (fracturou o calcanhar no decorrer da pega). Santarém, 1975 - Luís Sepúlveda (2º da direita) com os irmãos Miguel e Gonçalo e o primo Francisco, nos 60 anos do Grupo de Santarém. Os cães também eram a sua grande paixão. Aqui com o seu inesquecível "Black". Luís Sepúlveda com o seu "núcleo duro" de amigos: Joaquim Pedro Torres, Carlos Empis e Nuno Megre. Luís Sepúlveda com a sua "Dinastia". Os manos mais velhos nos toiros, em Santarém. A sua boa disposição irá ser lembrada para sempre! |