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Mensagem de final de época do nosso Cabo

Estamos a chegar ao fim de mais um ano, altura de se fazerem balanços, reflexões, ver o que correu bem e o que precisa de ser corrigido, começar a pensar na próxima época, enfim, rever o passado, analisar o presente e programar o futuro, de maneira a assegurar a continuidade do Nosso Grupo. Isto não é só trabalho do Cabo, mas sim de equipa que eu me orgulho muito de liderar.

Neste momento, eu sinto o que sentiu o Sr. Scolari, nos momentos que antecederam o inicio da final do Europeu de Futebol de 2004: sinto um enorme orgulho por liderar um Grupo que tem os melhores Forcados da actualidade, com uma pequena diferença, é que a equipa do Sr. Scolari ficou em 2º, perdeu no terreno.

Sim, eu sei que sou faccioso, mas quem tem Forcados de Cara, Ajudas, Rabejadores e Cernelheiros como o G.F.A. de Santarém tem na actualidade, não tem legitimidade para sentir o que sinto?

Eu sei que tenho que ter cuidado para não cair, no ridículo, de me tornar vaidosão e apregoar que o meu Grupo é o maior, que estamos sempre bem, os toiros é que estão mal. Quem me conhece sabe bem que não sou assim, antes pelo contrário, procuro ter sempre os pés bem assentes no chão, sei bem das nossas capacidades e tenho perfeita consciência das nossas limitações.

Quando as coisas não correm bem para o Grupo de Santarém, não preciso que ninguém mo diga. Posso não perceber nada de pegas mas sou muito exigente, ao ponto de me tornar chato e por vezes injusto mas, na minha opinião, quando as pegas não correm bem, 95% das veze a culpa é dos Forcados, ou do Cara, ou dos Ajudas, ou do Rabejador, no caso da pega de caras. No caso da pega de cernelha acontece o mesmo, neste caso, acontece porém muitas vezes que a culpa também é dos Campinos e dos Cabrestos, mas na maioria das vezes a culpa é do Cernelheiro e do Rabejador. Normalmente as falhas acontecem por nítida falta de atenção durante a lide do toiro que se vai pegar, e por falta de concentração no momento da pega. Os momentos da pega estão bem definidos, os toiros têm um comportamento mais ou menos previsível, salvo algumas excepções, por isso, a pega pode ser pensada, treinada e aperfeiçoada, coisas que não se fazem só nos treinos propriamente ditos, mas também vendo filmes, vendo outros Forcados a pegar, falando com os Forcados que são as nossas referências, e falando uns com os outros. Desta forma podemos chegar a um treino e pôr a nossa ideia de pega em prática, tal como a sentimos, e fazemo-lo as vezes que entendermos necessárias. Seguidamente fazemos o mesmo em praça, sempre com a noção de que não há pegas iguais, que cada pega é uma pega, porque cada toiro é um toiro, não há uma receita milimétrica para uma pega. É nestes grandes detalhes que um Forcado pode sair da vulgaridade. Falar é fácil, pôr isto em prática não é para todos, mas temos obrigação de ser exigentes e procurar a perfeição da pega. Para mim, pegar é tourear.

Temos seguido esta linha de pensamento. Com a ajuda de antigos Forcados do nosso Grupo e de outros Grupos também, de Ganaderos, de Toureiros, de Bandarilheiros e de Aficcionados vamos tentando sempre aprender e melhorar. Penso que temos obtido resultados bastante positivos e esta época é a prova do que acabo de dizer.

A época de 2005 foi muito dura, fizemos 25 corridas, das quais, como se lembram, só 5 foram macias, tivemos muitas lesões, mas foi uma época extraordinária para o Grupo. Esta época de 2006 não foi tão dura. Fizemos 22 corridas e o nosso Grupo do Futuro pegou 2 novilhadas. Apesar de algumas lesões, foi uma época mais macia, mais cuidada, mas em que também pegámos corridas sérias e de muita responsabilidade, algumas mesmo com toiros muito grandes e pesados.

Houve uma evolução muito grande em alguns Forcados de Cara, que fizeram pegas extraordinárias e exemplares, com os tempos do toureio (mandar, parar e templar) bem definidos. Esta evolução, não tenho dúvidas, é resultado do trabalho que temos feito em equipa. Algumas poucas pegas falharam por manifesta falta de atenção e concentração, uma ou outra por falta de experiência e talvez 3 por culpa do toiro.

Em relação aos Ajudas, apenas 2 palavras: im-pressionantes!
Tiveram uma prestação extraordinária a todos os níveis, com uma regularidade, união, valentia, entrega, eficiência e disponibilidade notáveis. Foi rara a vez em que numa corrida repetimos o 1ª Ajuda, na Feira de Santarém, por exemplo, fizemos 6 pegas de caras e não se repetiu um 1ª Ajuda. Isto atesta bem a qualidade que têm e a confiança que me merecem.

O tom mantém-se relativamente aos Rabejadores, que também foram os Cernelheiros de serviço, alternando um com o outro. Das 5 pegas de Cernelha tentadas, apenas uma não se concretizou, na minha opinião por culpa de todos os que estavam dentro da arena: toiro, forcados, campinos e cabrestos. As outras 4 Cernelhas foram todas muito boas, com uma prestação de elevada categoria dos Forcados. Realço também o facto deste ano não termos efectuado nenhuma pega de Cernelha de recurso, e não fizemos mais Cernelhas por falta de garantia de sucesso por parte dos jogos de cabrestos, uma vez que é cada vez mais difícil encontrar um jogo de cabrestos que nos faça pensar imediatamente numa pega de Cernelha. Ainda no capitulo dos Rabejadores e Cernelheiros, não posso acabar sem fazer uma referência especial ao David Romão. Todos sabem que não gosto de falar em nomes pois para mim o nome que interessa é o do G.F.A. de Santarém, mas vou abrir uma excepção, esperando não ferir nenhuma susceptibilidade, e faço-o porque considero o David um dos melhores e mais completos Forcados da actualidade: rabeja com o poder, a eficiência e a humildade própria dos grandes Rabejadores, cernelha como poucos, é eficiente a ajudar e é, também, um extraordinário Forcado de Caras, apesar de este ano não ter pegado nenhum toiro desta forma pois faz mais falta noutras posições, mas para mim o David é, essencialmente, um grande exemplo de entrega ao Grupo de Santarém. De Portalegre está sempre disposto a ir para onde for, para honrar a nossa Jaqueta. Mesmo com o estatuto que hoje tem dentro do Grupo não falta a um treino, a uma ferra, a uma corrida e bebe vinho tinto como ninguém!

Em relação à malta mais nova entraram e começaram a pegar e a ajudar alguns Forcados novos, alguns deles netos de antigos Forcados do GFAS. Parece-me que todos eles podem servir bem o Grupo, assim tenham juízo e paciência para me aturar.

Esta época ficou marcada pela reabertura do Campo Pequeno e pela temporada que aí se desenrolou, também pela inauguração de mais 2 praças de toiros, sendo uma delas coberta (Elvas), ficou também marcada pela desilusão que foram as corridas da Feira de Santarém no que toca a afluência de público. Aquela que, para mim, foi a rainha das praças, este ano bateu completamente no fundo. Foi desolador entrar na Monumental Celestino Graça e dar de caras com um autêntico deserto. O tempo não ajudou mas a Empresa não se poupou a esforços e o público não aderiu. Há que pensar seriamente na Praça de Santarém e o Grupo de Santarém aí estará para ajudar à solução deste problema.

O Grupo pegou na corrida da reabertura do Campo Pequeno, tendo pegado aí mais 2 corridas. Em minha opinião pegámos nas 3 corridas mais importantes que se realizaram naquela Monumental: a da reabertura, a da apresentação de João Moura com seu filho, ao lado de Enrique Ponce e a da alternativa do Manuel Telles Bastos. Todas tiveram um significado muito especial: a da reabertura pela importância que teve, a outra, para além do extraordinário cartel, foi envolta por um ambiente muito difícil para nós uma vez que nesse dia foi o enterro do nosso amigo Luis Sepúlveda, e quando se pensava que o Grupo poderia ir abaixo, aconteceu exactamente o contrário. Todos revelaram uma frieza, uma seriedade e uma união fora do normal, fizeram das tripas coração e prestaram uma enorme e bonita homenagem ao Luis, fazendo aquilo que ele mais gostava de nos ver fazer: pegar bem!

A 3ª corrida foi vivida num ambiente fora de série. Tudo o que se possa dizer é pouco. Quem não se lembra da entrada de Mestre David na arena?

Em relação às restantes corridas todas as que pegámos este ano foram importantes, umas pela sua importância propriamente dita e outras por nos terem permitido lançar novos Forcados.

Foi também uma época triunfal uma vez que o nosso Grupo ganhou todos os prémios que disputou nas corridas em que actuou. Começámos mesmo por ganhar o torneio de futebol de inverno em que, para além do Grupo de Santarém, participaram também os Grupos de Montemor, Évora e Coruche, (adivinhem quem ficou em 2º lugar…). Seguiu-se a Barra de Ouro, em Montemor, brilhante e inequivocamente ganha pelo G.F.A. de Santarém. No Sobral do Monte Agraço ganhámos o prémio para o melhor Grupo na Corrida da New Holland depois, em Santarém, vencemos o prémio Sr. Ricardo Rhodes Sérgio, que distingue a melhor pega da Feira de Santarém.

Em relação a este prémio gostaria de me alongar mais um pouco. Foi atribuído e, na minha opinião, muitíssimo bem ao João Pedro Seixas Luis (JP). Se dúvidas houvessem, seria sempre entre esta pega e a do Diogo Palha. Esta é a minha opinião, vale o que vale. Mas a respeito deste prémio, gostava de esclarecer alguns que não sabem perder, que nem eu nem o G.F.A. de Santarém, tem nada a ver com a escolha dos júris, nem com os critérios que regem a eleição da pega vencedora deste prémio. À semelhança do que acontece com todos os prémios limitamo-nos a ganhar com humildade quando nos consideram vencedores, e a perder com dignidade quando são outros que vencem. Para terminar, e porque quero que esta situação bem clarificada, quero dizer que na entrega deste prémio o Grupo de Santarém entrou na arena e chamou o Grupo de Montemor para se proceder à entrega do mesmo. Esta atitude sim, foi da minha responsabilidade e iniciativa. Só quando ia a entrar para a arena é que soube quem tinha ganho o prémio. Se tivesse sido um elemento do Grupo de Montemor ou do Grupo de Évora a ganhar, eu teria tido a mesma atitude. Sinceramente, acho lamentável que alguém possa ter ficado ofendido com esta minha atitude, pois é preciso não me conhecer minimamente para se poder achar que eu fiz aquilo para ofender quem quer que seja. No que toca ao respeito e consideração entre pessoas e Grupos, ninguém me ensina absolutamente nada e para me darem lições de educação e seriedade, terão que morrer e nascer de novo. O meu respeito, consideração e até amizade pelo G.F.A. de Montemor é sobejamente conhecido, o meu passado, a esse respeito, fala por mim. Gosto de brincar, sempre que é oportuno, e faço-o só com quem sou amigo.

Escrevo estas linhas porque em relação a este prémio gostaria de expressar a minha desilusão relativamente a atitudes e afirmações de pessoas que sempre tratei com amizade, respeito e consideração. Desilusão que voltei a sofrer com a atitude egoísta e pouco simpática, que tiveram em relação ao nosso Grupo do Futuro, durante as apresentações/treinos no CNEMA.

Continuando a falar dos prémios, seguiu-se o prémio para a melhor pega em Abiúl, atribuído a uma extraordinária pega do Diogo Sepúlveda, e depois, em Arronches, vencemos o prémio para a melhor pega de caras atribuído ao António Gomes Pereira e para a melhor pega de cernelha ganho pela dupla David Romão, a cernelhar, e Francisco Empis, a rabejar. Por fim, em Almeirim, foi a vez do Gonçalo Veloso ganhar o prémio em disputa, numa imponente pega a um Passanha. Já no defeso a Tertúlia Tauromáquica Sobralense distinguiu-nos com a atribuição do prémio para o melhor Grupo de Forcados Amadores em 2006, a revista 6Toros6 considerou-nos triunfadores da temporada 2006 no Campo Pequeno e vencemos também o Prémio Tauromania para os triunfadores da Temporada 2006, votação na qual participaram mais de 500 aficionados.

Os prémios, são prémios, representam o que representam, é mais agradável ganhar do que perder, mas ganham-se e perdem-se e é preciso saber fazer ambas as coisas. A história do G.F.A. de Santarém não se alicerça neste tipo de prémios, mas sim na nossa continuidade, no reconhecimento regional com a atribuição, em Santarém, de uma rotunda com o nome do Sr. António Abreu, Cabo fundador do G.F.A.S., e de uma grande e importante avenida com o nome do Nosso Grupo. Também no reconhecimento a nível nacional com atribuição de várias condecorações, 2 delas atribuídas pela Presidência da República, uma em1965 e outra em 1990. São estes os verdadeiros prémios que reconhecem e glorificam a nossa história.

Para acabar quero agradecer a todos os Ganaderos que nos abriram as portas de sua casa para treinarmos, a todos os bandarilheiros que colaboraram para o sucesso das nossas pegas, a todos os amigos que nos receberam para nos fardarmos, a todos os antigos elementos que nos acompanharam ao longo da temporada, à nossa Madrinha pela sua presença constante e, nela, a todas as meninas e senhoras que sempre nos acompanham. Quero também agradecer alguns detalhes que para nós representam muito como a atitude do Cabo do G.F.A. de Lisboa, José Luis Gomes, no final da corrida de reabertuta do Campo Pequeno, a disponibilidade do Cabo do Grupo de Évora, João Pedro Rosado, que várias vezes nos tem emprestado os seus forcados (de pau) para as cortesias, e novamente ao Cabo do Grupo de Évora e ao cabo do Aposento da Chamusca, Tiago Prestes, pela atitude que tiveram no CNEMA, quando prontamente se disponibilizaram para colaborar de maneira a que o nosso Grupo do Futuro pudesse participar nas demonstrações/treinos que aí se realizaram durante a Feira do Ribatejo, uma vez que devido à chuva ficámos impossibilitados de actuar na data inicialmente prevista.

A 92ª época já foi, vem aí a 93ª. Ninguém pára o G.F.A.S. rumo ao centenário!
Pelo Grupo de Santarém venha vinho!

Um grande e amigo abraço para todos,
Pedro Graciosa
18 de Dezembro de 2006

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