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Os Toiros do Quintal - São Manços... ou Bravos?

Começo por pedir desculpa pelo atraso desta crónica mas depois da crónica do Filipe Sepúlveda ("O Herói") fiquei desmoralizado. Como é que eu ia escrever depois do Filipe dizer que não gostava de treinadores de bancada e que não escrevia sobre as pegas pois pessoas mais velhas e sabedoras estavam presentes e podiam fazê-lo?

A verdade é que eu já tinha escrito uma lista de teorias sobre o tema "Como pegar um toiro com 700Kg de forma técnicamente perfeita e dando todas as vantagens". Depois de ler o Filipe desisti, por agora, de publicar as minhas teorias e decidi guardá-las para daqui a 30 anos quando já andar a dizer que no meu tempo é que era.

Desta forma, tendo ficado sem moral para falar das pegas, pouco mais me resta do que partilhar convosco o que senti no passado dia 7 de Setembro em São Manços.

Na altura dos Descobrimentos os nossos marinheiros davam nome e formas aos seus medos. Daí nasceram as muitas imagens de monstros marinhos que eles imaginavam e daí também nasceu o Adamastor, simbolo maior dos seus medos.

Nos toiros, dos quais sempre tive muito medo, também tive os meus Adamastores, simbolos maiores desse meu medo. Os meus Adamastores tinham lugar, data, ganadaria e protagonistas verdadeiros: Um Couto de Fornilhos de 715 Kgs que o Jorge Faria do Grupo de Vila Franca pegou em Évora; um Coimbra Barbosa que o Filipe Sepúlveda pegou na Póvoa do Varzim (depois de se terem aleijado alguns 10 forcados); e um Guiomar Moura numa corrida na Moita ao qual o Grupo de Alcochete fez 14 tentativas. 

Quando, antes de cada corrida, fazia as minhas orações, pedia muitas coisas, uma delas era que Deus nos livrasse de que saíssem à arena toiros iguais àqueles Adamastores.

No dia 7 de Setembro, em São Manços saíram dois toiros que podiam entrar nesta categoria de Adamastores. Um tocou-nos a nós e outro ao Grupo de São Manços.

Creio que só existe uma maneira de pegar um toiro com perto de 700 Kgs e com a pata que estes toiros mostraram, é fazer o que o António Jesus e os 7 que o ajudaram fizeram: valentia, disposição, entrega, garra, raça, vontade e não deixar o toiro descansar, fazendo-lhe as tentativas necessárias o mais rápido que for possível. Infelizmente o Grupo de São Manços não conseguiu fazer o mesmo e o resultado esteve à vista.

Além do António, à quarta, valentissímo e com imponentes ajudas do Nelsón e do resto do Grupo, pegaram o Diogo Sepúlveda (à 1ª) e o Francisco Barata "Vila Chã" (à 2ª), com toiros sérios mas que tiveram forcados à altura.

De referir que a fardamenta foi no Monte do Cume, que mesmo numa hora triste quis receber o seu GFAS, e que jantámos um extraordinário pitéu oferecido pela família do Rogério Fialho. 

A unica coisa mais que me apetece dizer é que quando nos queremos fardar devemos perguntarmo-nos, muitas vezes, se queremos realmente ser Forcados do Grupo de Santarém. É que quando sai um Adamastor à Praça é que se vê quem está à altura de ser Forcado de um Grupo como o nosso, um Grupo Herói, como escreveu o Filipe Sepúlveda.

Um abraço e até Évora.

Diogo Palha

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