Meus caros amigos, 2007 está chegar ao fim e 2008 está à porta, cumprimos mais um ano ao serviço do GFAS, que desde 1915 nunca interrompeu a sua actividade. Este ano pegámos 24 corridas, algumas delas sózinhos: fardaram-se 41 Forcados, estrearam-se 7 e fardou-se pela 1ª vez um bisneto de um antigo Forcado do Nosso Grupo. Foi uma época de muito bom nível onde pegámos várias corridas muito importantes, tivemos outras que possibilitaram rodar Forcados menos experientes e introduzir alguns novos elementos. Foi um ano que nos permitiu fazer uma gestão muito equilibrada dos recursos humanos ao serviço do GFAS. Se consultarem “Os números da temporada I, II e III” verificarão que, dos 84 toiros pegados, o Forcado com mais toiros pegados só pegou 8, o que mais primeiras deu só deu 14, o que mais segundas deu só deu 20, o que mais terceiras deu só deu 20 e tivemos vários rabejadores de serviço. O que quero dizer com isto é que foi possível distribuir o serviço sem haver sacrificados. O GFAS não precisa de nenhum 115, tem alternativas para todas as situações que vão aparecendo. Só na última corrida é que houve um ajuda a dar 2 primeiras e em todas as outras nenhum se repetiu um primeira ajuda. Isto é uma mostra da enorme qualidade do nosso plantel, mas se por um lado nos dá tranquilidade, por outro lado dá-nos “dores de cabeça”, especialmente a mim que tenho que os aturar, porque todos querem estar na 1ª linha, todos querem estar na frente de combate e a verdade é que todos têm qualidade para isso. Nas corridas mais importantes não tem nada que saber, tem prioridade a antiguidade e como pegámos muitas corridas importantes, fomos rodando e dando oportunidade, a um ou outro mais novo para se fardar nessas corridas. Apesar da exactidão dos números, nem sempre estes traduzem a realidade como ela é. Seria uma injustiça muito grande deixar ficar no ar, o número de toiros pegados e respectivas tentativas efectuadas, de alguns Forcados, nomeadamente do Diogo Sepúlveda, Peu Torres e António Grave Jesus. O Diogo pegou 8 toiros: 6 dos quais, brilhantemente , à 1ª tentativa, um à 2ª e um à 4ª. O toiro que pegou à 2ª tentativa, foi na corrida dos 50 anos da RTP, realizada no Campo Pequeno e transmitida em directo na RTP1. Na 1ª tentativa lesionou-se no olho, mas não amaricou e não voltou a cara ao toiro e pegou-o à 2ª, dando mostra, não só de valentia, mas de dignidade e classe. Exactamente a mesma valentia, dignidade e classe que mostrou alguns dias antes, em Alcácer do Sal, quando pegou um toiro duríssimo e incómodo à 4ª tentativa. Refiro ainda que depois da lesão no olho, o Diogo ainda fez 3 enormes pegas à 1ª (S. Manços, Santarém e Évora). Em Évora fez uma pega que gelou a praça, o toiro pesou 698 kg, nada do que aqui escreva transmitiria o que aconteceu naquele momento. O Peu Torres pegou 6 toiros: quatro à 1ª tentativa, um à 2ª e um à 5ª. O que pegou à 5ª foi um toiro muito duro e esquisito e o Peu esteve valentíssimo, nunca se inferiorizou, teve azar por que é inglório ter que pegar um toiro assim, naquele dia a fava sai-lhe. É um Forcado com uma entrega e valentia invulgares, sempre disponível para tudo. O António Jesus pegou 8 toiros: cinco à 1ª tentativa, um à 3ª, um à 4ª e um à 5ª. No que pegou à 3ª e no que pegou à 5ª, não esteve bem, ou melhor esteve mal e pagou caro por isso, ficou muito amassado, mas em momento algum virou a cara ao toiro, em momento algum vacilou. Agora, no toiro que pegou à 4ª, em São Manços, com 700Kg, esteve enorme, a prova disso foi o público em pé, obrigando-o a dar a volta à praça. Esta pega teve a grande particularidade de ter acontecido no dia seguinte ao António ter pegado um toiro à 3ª, no Campo Pequeno. Enfim, também nada do que eu poderia escrever, transmitiria o que aconteceu naquele dia em S.Manços. O António fez em Setembro 21 anos, já pegou 52 toiros pelo GFAS (e que toiros), merece todo o meu respeito pois é um Forcadão. Como eu disse seria uma grande injustiça deixar que os números manchassem a época destes Forcados, 1 ou 2, ou mesmo 3 pegas menos felizes não podem fazer esquecer todas as outras de grande nível. A época, em termos de ajudas, foi simplesmente extraordinária a todos os niveis, assim como a postura de todos os que se fardaram pelo Grupo. Mostraram sempre enorme disponibilidade, entrega, valentia e união, especialmente quando foram chamados para fazer algo que não costumam, como foi o caso do Pedro Soares, em Alcácer, que foi chamado para pegar de cernelha, assim como em todos os momentos de maior aperto me fizeram sentir que estavam ali para o que calhar. Tivemos algumas lesões ao longo da época, as piores foram a do Francisco Sepúlveda, que fracturou uma perna e interrompeu completamente a sua época, e a do Gonçalo Veloso, que teve uma lesão grave no fígado que o obrigou a ficar hospitalizado algum tempo e a fazer uma longa e lenta recuperação, tendo ainda voltado a pegar, e bem, no final da época. 2007 ficou, sem dúvida, marcado pelo ambiente, pelas homenagens e pelas enchentes que ocorreram nas 5 corridas que se realizaram na Monumental Celestino Graça: 1 em Março, 3 em Junho e 1 em Setembro, passaram por ali mais de 50.000 espectadores. É engraçado como não vi em lado nenhum, referenciadas as entidades responsáveis por isto, como triunfadoras da temporada. Não sei nem me interessa se houve muitos, poucos ou nenhuns bilhetes oferecidos, o que eu sei, o que eu senti, o que eu vi foi a Monumental Celestino Graça encher 4 vezes e meter meia casa 1 vez, e todo o ambiente que se viveu nas vésperas e nos dias de todas as corridas foi fantástico, assim como também não sei nem me interessa, se em Junho o CNEMA deu ou não bilhetes, o que é verdade é que também ali houve corridas com praça cheia, isto mostra bem que a aficcion não está morta em Santarém, nem em Portugal. Baixem os preços dos bilhetes, crie-se ambiente à volta das corridas (festas, feiras, largadas, concertos, etc...) e as praças encherão, mas também é essencial que as entidades, as instituições, as pessoas se entendam e conjuguem todos os esforços para que a Festa saia a ganhar. Todos estamos com uma enorme expectativa do que irá acontecer em Santarém em 2008. É uma pena se não houver um envolvimento de todos para que o que aconteceu em 2007, não caia rapidamente no esquecimento, não se torne de repente em passado, e todos temos responsabilidades para que isso não aconteça, especialmente os aficcionados que, aconteça o que acontecer, têm a obrigação de voltar a encher a Monumental Celestino Graça e mostrar que a aficcion de Santarém não está morta. Há quem diga que a M. C. Graça deve ser transferida de sitio, há quem diga que não, que precisa é de obras, de ser remodelada, e há quem diga que está bem como está e há quem diga muitas outras coisas, mas uma coisa é certa, enquanto nada é feito, a Monumental Celestino Graça tem é que ser dinamizada, continuar a promover a Festa e continuar a encher... Nós já estamos a fazer a nossa parte, já iniciamos a preparação da época de 2008, para que o GFAS se possa apresentar, novamente, em grande nível. No dia 8 de Dezembro realizou-se o piquenique, no Paúl da Vala, onde houve uma ferra com novilhas com 540 kg, a exigirem que a rapaziada se aplicasse ao máximo. É nestas ferras que aparecem e se treinam os rabejadores, os cernelheiros, e em que todos aprendem a cair, a antever as reacções dos animais (coices, investidas, etc...). Foi um dia muito agradável, apareceu muita gente de todas as idades, com a particularidade de estarem presentes, fisicamente, um antigo Forcado, seu filho, também antigo Forcado e seu neto, actual Forcado do GFAS, refiro-me a Henrique Soares Cruz, seu filho Gonçalo Soares Cruz e seu neto Zé Maria Teles Feio. No dia 21 de Dezembro fomos convidados para ir treinar a Salamanca e realizar uma demonstração de pegas. Fomos recebidos e tratados extraordinariamente bem, onde nos ofereceram a viagem, estadia e refeições. Em breve, sairá a crónica deste evento, o convite foi da responsabilidade do Nuno Megre Jr. Em breve teremos mais alguns treinos, pois já temos alguns compromissos agendados para 2008: de 6 a 10 de Fevereiro, iremos participar na Feira Mundial do Toiro em Sevilha, onde pegaremos 2 novilhos por dia, integrados nos espectáculos que ali se irão realizar. Vamos para Sevilha no dia 4, para participarmos nos ensaios a 4 e 5; 15 de Março, corrida em Santarém; no Domingo de Páscoa em S. Manços, onde pegaremos os 6 toiros. Esta corrida será de homenagem ao enorme Forcado do GFAS que foi o Exmo. Sr. Engº. António Murteira, era natural de S. Manços e morreu em Agosto de 2007. O cartaz desta corrida será anunciado em breve, e depois a época seguirá por aí adiante...
Tás com medo?
Não quero acabar sem fazer uma referência aos mais novos. Estamos numa época do ano importantíssima para o bom desenlace da vossa vida académica, se forem aplicados e cumpridores os vossos Pais ficarão contentes e terão orgulho que sejam do GFAS. Para nós, é muito importante saber que os vossos Pais ficam contentes por vocês andarem connosco, para mim, ao fim de 20 anos de Forcado do GFAS e de 6 como Cabo, foi das coisas mais agradáveis e mais gratificantes que me aconteceram, os telefonemas de alguns Pais a agradecerem, por os filhos se terem aplicado mais nos estudos por causa do GFAS. Portanto, estamos numa altura do ano em que podem e devem dignificar e honrar o GFAS, sendo cumpridores e aplicados nos estudos. O GFAS, mais que um Grupo de Forcados Amadores é uma escola de formação de homens, em que todos temos responsabilidades, se vos é dada a hipótese de poder começar a acompanhar o Grupo, de participar nos treinos, assistir às corridas, ir aos jantares, entrar para um circulo apertado de amigos, então têm que nos retribuir de alguma maneira. O melhor que podem fazer, é fazendo o que aqui referi e verão que serão aceites e integrados no Grupo mais fácil e rapidamente. Acabo dando os parabéns a todos os que escreveram neste site, pela qualidade, conhecimento, amizade (crónica do João Pedro Rosado à corrida de Évora), poesia (tia Tereza Grave e Rita Calejo Pires), respeito, classe e educação com que o fizeram, não tendo, nunca, caído na mediocridade de achar caricaturas as pegas realizadas pelos outros Grupos, por mais fracas que tenham sido. Um Santo Natal e Bom Ano Novo para todos.
Pelo GFAS, venha vinho. Pedro Graciosa 22 de Dezembro de 2007 |