No passado Domingo de Páscoa dia 23, realizou-se em São Manços a corrida de Homenagem a título póstumo, ao Sr. Eng.º António Murteira, antigo Forcado do nosso Grupo. Por ser Natural de São Manços, os empresários desta praça, decidiram organizar uma Corrida de Touros em sua homenagem, tendo convidando para tal o Grupo de Santarém. O Grupo fardou-se mais uma vez no Monte do Cume, gentilmente oferecido pela família do Sr. Eng.º Murteira. A pedido do Peuzinho Torres, que no início da corrida, me perguntou “apeitas-te com a crónica desta corrida?”, não fui capaz de recusar tal difícil tarefa, pois para mim, descrever uma corrida de touros, para mais em homenagem a quem era, tornava-se um desafio bastante complicado. Antes de falar da corrida, gostava apenas de dizer que o Sr. Eng.º António Murteira, além do belíssimo forcado que dizem ter sido, foi para mim uma excelente pessoa e um dos melhores amigos que o meu Avô António Torres teve. Passo então a descrever o que para mim foi esta corrida, vista por uns olhos que não são propriamente os de um crítico taurino, mas sim os de um aficionado que descreve as coisas como vê duma maneira simples. Numa tarde de sol com algum calor, saíram seis touros com pouco peso, ao contrário dos “imponentes” que o cartel anunciava. O primeiro coube ao ex-Forcado Manuel Murteira, que após brindar à sua Mãe, fez uma pega daquelas que à vista de qualquer um parece muito fácil. Para a rapaziada mais nova, que nunca tinha tido oportunidade de ver o Manel a pegar, tiveram aqui a hipótese de aprender qualquer coisa. A maneira como o Manel cita e manda no touro, transmite ao público uma confiança tal, que faz parecer que quem sabe nunca esquece, mesmo sabendo que não pegava um touro há cinco ou seis anos. Penso que o Sr. Eng. António Murteira, ao vê-lo lá de “cima”, ficou mais uma vez orgulhoso do filho. O segundo da tarde era um pouco mais pesado e complicado. A Cavaleira Ana Baptista não soube aproveitá-lo da melhor maneira. Com uma lide apagada, Ana Baptista nunca soube ligar o touro ao cavalo. A pega ficou a cargo de António de Jesus, que por falta de ajudas acabou por sair da cara do touro. Embora o touro tivesse fugido um bocado ao grupo, as ajudas foram pouco eficazes quando o touro estava já encostado às tábuas e a derrotar. A primeira ajuda foi dada pelo Miguel Navalhinhas, que à segunda tentativa teve mais eficácia. O terceiro touro, foi lidado por João Telles filho, que soube puxar tanto pelo touro como pelo público a assim tornar a lide mais alegre. O Touro tinha pouca força nas mãos, mas João Telles soube aproveitá-lo bem. Este touro foi pegado pelo jovem forcado João Torres, que brindou aos parentes Luís Assis e Nuno Rosado e teve como ajuda o seu primo Filipe Almeida. Soube mandar no touro no momento da reunião, pois este fez uns estranhos, que o João soube aguentar e aproveitar para reunir na altura certa. Talvez possa melhorar o cite, pois como disse o João Canavarro, que estava atrás de mim, “parecia que ia para trabalho”. Quarto touro da tarde. Toureado por António Telles, com algumas dificuldades, pois o touro estava muito encrençado nos curros. O também jovem forcado António Gomes Pereira fez uma boa pega à primeira tentativa e mostrou muita confiança a citar e a aguentar o touro. Foi bem ajudado por Francisco Sá Nogueira, que deu uma boa primeira. O quinto touro da corrida ficou mais uma vez a cargo da cavaleira Ana Baptista. Começou mal, mas no final da lide esmerou-se mais um bocado. Não deixa de ser uma cavaleira com pouco entusiasmo, pelo menos para quem assiste. Foi pegado pelo forcado Francisco Goes, que como os dois últimos está em início de carreira e mostrou valentia a citar o touro, fazendo uma boa pega à primeira. A primeira ajuda foi de Zé Fialho, forcado da terra e filho do antigo forcado, agora de regresso, Rogério Fialho. Por último, o sexto da tarde foi lidado pelo João Telles, que começou por colocar uns ferros fora do sítio, mas depressa se emendou, terminando com uma lide satisfatória. Para fechar bem, o experiente forcado Diogo Palha, pegou este último também à primeira tentativa. Fiquei contente por ver que três dos forcados que pegaram estão em início de carreira e já mostraram vontade e jeito para pegar, e que ainda ficaram mais alguns de fora, se calhar com a mesma vontade. Temos assim grupo para continuar. Uma breve nota aos cabrestos, que eram novos e trabalharam mal, ao fraco ambiente que a praça tinha e ao tardar dos touros a entrar para os curros, que prolongaram bastante a corrida. Abraços Luís Assis Quem sabe não esquece - Manuel Murteira deu a volta à praça sozinho. Grande momento da pega ao 5º toiro da tarde: Francisco Rei do Metal Goes (brevemente teremos mais fotografias da corrida) |