Andam aí alguns muito ofendidos porque o nosso Presidente da República chamou ao 10 de Junho o Dia da Raça, tal como se chamava antigamente (incluíndo fim da Monarquia, 1ª República e Estado Novo). Eu também me quero juntar aos protestos! Então o Presidente não sabe que o Dia da Raça foi no Domingo, 8 de Junho, com interpretaçãodo Peuzinho diante de um Pinto Barreiros bruto e difícil que só com muita RAÇA se conseguiu pegar?! Inacreditável a falha do Prof. Cavaco Silva. No 10 de Junho não foi preciso chamar a Raça à conversa para que, em Dia de Portugal, o Grupo de Santarém tivesse uma excelente actuação dando vida a uma das mais antigas e genuínas manifestações da cultura popular portuguesa, a ARTE de pegar toiros. Os toiros da ganadaria Vinhas, embora com pouco trapio (coisa que nada tem a ver com peso) tiveram um comportamento muito interessante para os aficionados e deram pegas variadas. O nosso Cabo, em vésperas de despedida, apostou forte na juventude e a malta nova respondeu presente e, para que ele vá embora descansado e feliz, encarregou-se das 3 pegas, duas delas com muito brilhantismo. O primeiro toiro foi dado ao Francisco Goes, forcado que tem vindo a pegar bastante e com eficácia. Nesta tarde em Santarém, cujos terrenos são dificeis de pisar porque muitas vezes nos perdemos com as distâncias da arena, o Francisco esteve sereno e toureiro, alegrando bem a larga investida do toiro e conseguindo uma boa reunião. Nas primeiras Bernardo Sá Nogueira (mais conhecido por "Sá Leão") deu o corpo ao manifesto, como tem vindo a fazer em todas as oportunidades, e, tal como muitos vinham a prever, teve o seu primeiro encontro com a "sesta". Inacreditável foi a forma como, com o toiro pegado e agarrado por 8 forcados, os Bombeiros se recusaram a entrar na arena para socorrer o Bernardo que estava inanimado. Uma situação a rever na qual penso que a ANGF pode ter uma importante palavra a dizer. Felizmente o Bernardo acordou pouco tempo depois e tudo não passou de um susto que ainda o levou a Santa Maria para depois ir fazer companhia ao Peu no espaço da Cirurgia 1 do Hospital de Santarém , agora re-baptizado Ala António Abreu. De referir ainda a forma forte e coesa como o Grupo fechou esta pega, coisa que aliás se tem vindo a ver em todos os toiros. Para o segundo da tarde foi mais um jovem forcado, João Torres, que depois de brilhantes treinos tem vindo a agarrar as aportunidades. Na primeira tentativa as coisas não correram bem pois o João sacou-se cedo demais e depois precipitou-se na reunião que não se deu de forma correcta. Penso que o Pedro não se preocupou muito com isso pois é perfeitamente normal que um forcado novo se precipite numa Celestino Graça que não é fácil pisar ainda para mais com 3/4 de casa preenchidos. À segunda o João corrigiu as distâncias e o aguentar e já conseguiu uma boa reunião. Infelizmente o toiro afocinhou e arrojando pelo chão o João não conseguiu aguentar-se na cara. Na terceira, de novo bem diante do toiro, o jovem Torres concretizou a pega com excelente primeira do Féria, não pela dureza ou pela espectacularidade mas sim pela inteligência e pelo sitio. Para fechar a nossa actuação foi escolhido o António Gomes Pereira que resolveu aproveitar para "bordar o toureio". Eu sei que o "Gomes Pinto" é um bocado vaidoso mas, como sempre, confio que os toiros põem cada um no seu sitio e que se ele ficar de peito feito vai rapidamente sair um boizana que lhe dá a devida sova, por isso não resisto a fazer um enorme elogio, porque merecido, à forma como o António esteve diante do seu Vinhas. Calmo, bonito, decidido e toureiro, citou sem alardes de vedeta mas com postura de artista. O Vinhas pôs-se com ele ainda antes da chegada aos médios mas o António soube chegar à distância que entendeu ser a melhor para carregar e fê-lo de forma decidida, tal como deve ser feito, coisa que muitos forcados, alguns bem experientes, não sabem fazer. O Toiro arrancou alegre e a reunião foi impecável, tal como a restante pega, que mais uma vez bem ajudada, terminou com grande ovação das bancadas. Nesta tarde pegou connosco o Grupo de Évora, também na penultima corrida do seu Cabo, João Pedro Rosado, que foi um valentissimo forcado. Depois da função houve um belo lanche em casa do antigo elemento Gonçalo Sepúlveda e da sua mulher, tia Rosarinho, pais do nosso futuro Cabo. Com um abraço de melhoras para os aleijados da Ala António Abreu, aqui fica um abraço até dia 14!
Diogo Palha |