Será que o nosso fundador, António Abreu, há 93 anos quando decidiu formar o GFAS tinha este modelo de Grupo que existe hoje na sua cabeça? Não sei, não sei se o modelo estava pensado ou programado, mas rapidamente começou não só ele, mas todos os que o acompanhavam a definir linhas de orientação e tomadas de posição muito próprias no meio taurino que depressa posicionaram o GFAS num lugar bem definido. As suas actuações aconteciam quase sempre em espectáculos de beneficência, e no interior do grupo cultivavam-se valores como a amizade, lealdade, honestidade, etc. Por aqui passaram muitos forcados das mais variadas partes de Portugal, e como é natural nem todos absorveram da mesma forma e com a mesma intensidade o espírito de grupo que aqui era vivido e fomentado. Ao longo dos anos veio a constatar-se que o ambiente no interior do GFAS era tão próprio e diferente do habitual, que só o facto de se ouvir falar de como era o grupo, fazia uma pré-selecção dos candidatos a vestir a sua jaqueta, arredando à partida muitos daqueles que provavelmente não se iriam sentir lá bem. Antes de haver qualquer ambiente instalado, é preciso muita determinação e habilidade para pouco a pouco ir formando um grupo com as qualidades que desejamos, tarefa essa inteligentemente conseguida pelos nossos 3 primeiros cabos: António Abreu, D. Fernando Mascarenhas e Ricardo Rhodes Sérgio. Em 1969 quando o Ricardo deixa o grupo, este vivia um dos momentos mais felizes da sua história, não só em termos de técnica da pega de caras, dado que a forma inovadora de site e distância que D.Fernando Mascarenhas iniciou, era agora executada e até aperfeiçoada pelos forcados deste tempo, mas também a pega de cernelha viveu sem dúvida a sua época de ouro com as intervenções do próprio Ricardo. Quando falo da qualidade dum grupo, dou muito mais importância à forma como o grupo vive, ao seu ambiente, atitudes que toma, etc, do que propriamente às pegas que faz. Até porque penso que uma coisa influencia a outra. Um grupo não pode viver de forcados individuais (estrelas), senão um dia que esses forcados deixem de pegar o grupo pode ir abaixo. A base da existência dum grupo penso que deve ser a sua vivência interna, a relação de amizade entre os seus elementos. Se isto existir, vai dar frutos, e fiquem descansados que as boas actuações mais tarde ou mais cedo acabam por aparecer. Uma pega boa, qualquer forcado faz, mas o bom forcado repete-a. Transpondo este raciocínio podemos dizer: uma época boa qualquer grupo pode ter, mas o bom grupo repete-a com frequência e espaçadamente ao longo dos anos. Ou seja, se um grupo viver à base de um ou dois forcados, pode fazer uma época boa mas quando esses forcados saírem o grupo não se aguenta. Portanto, na minha forma de ver, os valores que suportam o grupo tem que ser algo mais do que apenas os bons forcados que um dia vão acabar, ao contrário do grupo que continua! Agora perdi-me um pouco com estes comentários! Ia na época do Ricardo! Com o Ricardo, o grupo atingiu e estabilizou o ambiente que hoje vive. Não quero que me levem a mal, mas penso que a principal tarefa dos cabos posteriores ao Ricardo, nos quais eu me incluo, tem sido tentar manter e conservar toda forma de estar e o ambiente herdados. Nos últimos anos não tem sido fácil defender e manter os princípios que fazem do nosso grupo uma referência. É aqui que entra o trabalho formidável do Pedro Graciosa que agora nos deixa. O Pedro foi um pilar de aço a defender o GFAS. Que ele sempre sentiu o grupo duma forma muito forte e correcta eu já sabia porque tive a sorte de ter sido seu contemporâneo, o que ninguém conhecia era o líder com as qualidades de comando que mostrou nos 6 anos que nos comandou. Parabéns e obrigado Pedro, mas não quero deixar de dizer-te que a tua passagem por cabo do nosso grupo teve, quanto a mim, um grande defeito: Foi curta! O Diogo Sepúlveda que agora inicia o seu “mandato”, não precisa de apresentações como forcado com técnica e valor superior na execução da pega de caras, aliadas ás qualidades de amizade e comando que lhe reconhecem os colegas ao elegerem-no como novo chefe. Que consigas que o nosso grupo se mantenha no lugar que todos nós gostamos. Aos elementos actuais, agradeço a forma natural, clara e honesta como trataram todo este assunto da sucessão do Pedro Graciosa, e não se esqueçam que o Diogo é quem vai dar a cara pelo Grupo, mas vai precisar da vossa ajuda e opinião em muitas ocasiões vitais para o bom nome do GFAS. Estou descansado, acho que estamos bem entregues! P.S. Peço desculpa aos Forcados intervenientes nesta corrida pelo facto de não falar deles, mas, como aliás é costume no nosso Grupo, disso fica o Cabo encarregue. A única coisa que não resisto a comentar, é o facto do Francisco Goes ter saído gravemente magoado, coisa que sempre nos entristece muito, mas se todas as nossas orações forem ouvidas as melhoras vão ser rápidas. Daqui vai o meu abraço de parabéns pela valentia serena com que nos brindaste. (filho de peixe sabe nadar …) Évora, 22 de Junho de 2008 Carlos Grave |