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Grupo de Santarém nas Caldas da Rainha

Na última 6ª feira, fui às Caldas da Rainha ver o Grupo de Santarém. Confesso que esse era o meu único objectivo, pelo que o meu estado de espírito à saída da corrida era naturalmente diferente de quem pagou o bilhete para ver uma corrida ao vivo com um cartel atractivo (ao contrário de quem ficou em casa nessa noite, a ver na televisão uma corrida em Albufeira), mas numa noite fria em todos os aspectos, e com o preço dos bilhetes elevado. Aproveito esta oportunidade para dar os parabéns à empresa da praça da nossa cidade que com o João Pedro Bolota, que mostra que fora das praças também é uma figura, como o foi enquanto Forcado, tornou a ida aos toiros em Santarém, um programa normal e acessível para as famílias, e não o equivalente a um fim-de-semana de luxo no Algarve, como se verifica em todas as outras praças do país, incluindo nas praças desmontáveis!

Efectivamente o público não conseguiu aquecer, em parte porque a noite no Oeste é o que é…mas principalmente devido à falta de emoção que o espectáculo teve. Não vou aqui falar das lides a cavalo e dos toiros, pois esses são os principais temas focados nos jornais e sites existentes. A excepção a esta regra é o site Tauromania que nesta noite tinha a sua 1ª corrida. Efectivamente a Tauromania é um projecto de sucesso (com mais de 10.000 visitantes por dia), óptimo para quem gosta de toiros e tem interesse em acompanhar durante a temporada as actuações dos grupos de forcados.

Como já referi, fiquei muito contente com a minha ida para ver o grupo, pois senti que o grupo está como gostamos de o ver, dentro e fora de praça. O bom ambiente, amizade e alegria em estarem juntos, que os elementos que se fardam e também os “aspirantes” a forcados, me mostraram durante a tarde, na corrida, no jantar (este com 98 pessoas!) de madrugada e no pequeno almoço… tem de certeza uma influência grande na boa época que o grupo está a ter, além de ser também uma grande ajuda ao Diogo Sepúlveda. Mostram que lidam bem com a grande responsabilidade que têm, conseguindo com simplicidade ter um ambiente divertido e de amizade que não tenho uma dúvida, levará a que o Grupo de Santarém seja cada vez melhor!

O grupo foi recebido pelo Caloca e pelo seu pai Sr. Manuel Pinto Lopes com a alegria, simpatia, e o à vontade, próprio de quem é da nossa família.

Quanto à actuação do nosso Grupo, o primeiro toiro foi pegado à primeira tentativa pelo João Brito, intitulado pelos seus amigos de Pauleta. Posso vos dizer que, um forcado com 4 toiros pegados, a abrir praça numa corrida importante, em que se pegava com o grupo de Montemor e que pega desta forma, é efectivamente um furacão dos Açores! Fez tudo o que eu acho que deve ser feito, teve presença em praça, mandou no toiro e fechou-se com decisão. Se a isto juntarmos o ar simpático e humilde que tem, não há qualquer tipo de dúvida que está aqui uma mais valia para o grupo.

Não sei o passado “tauromáquico” do João Brito, mas talvez não tenha tido uma ligação tão grande ao meio dos toiros e visto tantas pegas como o Manuel Murteira, que pegou o segundo toiro da corrida. O Manuel pegou o toiro à primeira o que é naturalmente importante, mas penso que deverá rever a gravação da pega, falar com os forcados mais experientes do grupo, e pensar no que pode ser melhorado até à altura da reunião, pois daí para a frente esteve decidido a fechar-se, e “trancadíssimo” durante a viagem, numa pega que resultou vistosa até às tábuas. Usar a jaqueta e o barrete que foram do teu tio é um desafio enorme, mas tenho a certeza que vais ter sucesso ! (aconselho a todos que vejam o DVD das pegas do tio do Manuel, eu tenho um exemplar que lhe “roubei” e que posso emprestar, mas tem um V na ponta…).

O último toiro do Grupo foi pegado à terceira tentativa pelo Gonçalo Veloso, que me pregou um raspanete por eu o ter elogiado no jantar (o que só lhe fica bem), mas como para mim ainda é um miúdo, também não me ralo muito. O Gonçalo poderá não ter conseguido ter a melhor das reuniões mas desde que entra em praça e está na cara dos toiros, até à decisão que mostra quando as coisas não lhe correm bem, mostra que é um Forcadão que enche as medidas a quem gosta do grupo, e que tem a capacidade de se destacar entre o público em geral que acompanha a mais distância as corridas, e que o reconhece quando vai pegar, sabendo que vai ver uma coisa “diferente”. Como esta crónica é pessoal, posso desabafar que para mim, quando as contrariedades surgem e se vê o forcado a crescer para o toiro, corrigindo o que fez mal na(s) tentativa(s) anterior(es) uma pega à 2ª ou à 3ª tentativa tem tanto ou mais valor que uma  pega à 1ª tentativa, num toiro claro em que se teve o mérito de não complicar.

Concluindo, posso dizer que nas Caldas da Rainha, assim como na última corrida em Évora, o Grupo de Santarém ganhou o único prémio que realmente tem valor, que é dignificar o nosso Grupo, a nossa jaqueta, e a nossa cidade.

Um grande abraço

Filipe Sepúlveda

(as fotografias, com excepção da última, são da autoria de Francisco Romeiras, e a sua reprodução foi autorizada pelo site www.tauromania.com)

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