No passado Domingo, dia 22 de Março, o Grupo de Santarém inaugurou oficialmente a temporada 2009, perante casa quase cheia na “sua” Celestino Graça. Comecemos, como convém, pelo início: Como estava previsto, a fardamenta teve lugar na Póvoa da Isenta, naquela que é já conhecida nas redondezas como a Casa de Borracha, por aí viverem essas referências que dão pelo nome de J.P. “Borracha” e a sua mulher Cláudia, ambos antigos forcados do Grupo (cada um à sua maneira…).
Se a hospitalidade não surpreendeu, até porque não é a primeira vez que o Grupo se fardou em casa deste esplêndido casal, o que dizer do nível verdadeiramente excepcional do almoço?? (nota mais para a carne estufada e para os pseudo-calamares à romana!!)..
Apesar de ter sido óptimo rever alguns amigos (Rosário, és grande!!!) e estar tranquilamente sentado à mesa a discutir a arbitragem do Sr. "Auxílio" Baptista, esses não eram propriamente os pretextos do encontro. E visto que a corrida estava marcada para as 4 da tarde, depressa o Diogo chamou toda a gente para anunciar a lista dos que se iriam fardar. Sem grandes surpresas, fardaram-se quase todos os mais velhos, uma vez que a primeira corrida é sempre de responsabilidade, e logo esta, que era “em casa”. Ainda assim, destaque para a “fardação” do João Torres, Luís Sepúlveda, Bernardo Sá Nogueira e Francisco Lorga.
Chegados às imediações da praça, era difícil não ficar impressionado com o grande ambiente que ali se sentia. Está criado um entusiasmo fora do vulgar em volta das corridas na velha Praça de Santarém, que parece difícil de contrariar… e que dá gosto ver! O cartel era também bastante atractivo: Manuel Lupi, João Ribeiro Telles Jr. e João Salgueiro (filho); toiros de Pinto Barreiros; Forcados de Santarém e de Alcochete.
No que diz respeito aos toiros, tinham entre 4 e 5 anos, e estavam bonitos e bem apresentados, embora pouco rematados, como se diz na gíria. Destacou-se - pelo peso, falta de mobilidade e comportamento - o toiro lidado em 5º lugar, por João Ribeiro Telles. Como se veio a descobrir, por vezes hay quinto malo... 1.º toiro – para o primeiro toiro da corrida (e da época!) o Cabo Diogo Sepúlveda entendeu dá-lo a um forcado em confia cegamente para todo o tipo de toiros: ele próprio! Nos médios, o Diogo brindou a pega deste primeiro toiro ao Forcado Francisco Matias, do Grupo de Portalegre, que perdeu a sua vida na passada semana quando fazia um treino no seu grupo.
O toiro era escasso de forças, embora fosse previsível que tivesse uma primeira “mangada”, e assim aconteceu. Depois de aguentar, o Diogo conseguiu recuar bastante bem, embora não evitando o tal derrote forte do de Pinto Barreiros. O aniversariante Pedro Cimento Féria entrou no momento exacto, seguido por todo o Grupo, consumando uma belíssima pega à primeira, que se espera seja um óptimo prenúncio para o resto da época.
[Para a história, aqui fica a constituição dos 8 que pegaram o 1º toiro da 94ª época do GFAS – Diogo, Pedro Féria (1as), Pedro Cabral, Nelson Ramalho (2as), Bernardo Sá Nogueira, Lopo de Carvalho, Pedro Soares (3as) e David Romão (ao leme).]
3.º toiro – Este toiro, que acusou na balança o peso de 490 kg, tinha o mesmo “tipo” do pegado em primeiro lugar. Para a cara, o Diogo decidiu que iria o Gonçalo Veloso, forcado que dispensa apresentações (para os aficionados em geral ou espectadores do programa da manhã da TVI…).
Com a toreria do costume, o “Nissan” brindou ao público bem antes dos médios. O toiro arrancou-se de largo (muito largo, ou não estivéssemos na maior praça do País), obrigando o Gonçalo a recuperar terreno antes de recuar. Uma boa reunião, todos os aficionados o sabem, “é meia pega”, e não se pode dizer que esta tenha sido uma reunião brilhante, uma vez que o Gonçalo ficou algo descompensado na cara do toiro. Mas uma óptima ajuda do Bernardo Sá Leão e do resto do Grupo fizeram o resto, em mais uma pega à primeira tentativa.
[Gonçalo Veloso, Bernardo Sá Nogueira (1as), Pedro Féria, Rui Cabral (2as), Filipe Falcão, Pedro Soares, Filipe Almeida (3as) e Ricardo Tavares (ao leme).]
5.º toiro – Apesar de ter proporcionado um assinalável triunfo ao Ginja Ribeiro Telles, este foi de longe o toiro mais complicado da corrida. Reservado, com muito menos mobilidade do que os restantes, provavelmente devido ao peso excessivo para a sua estrutura (575 kg), este toiro foi responsável pelo único “dissabor” da tarde.
Para a cara foi o António Grave de Jesus, forcado com muitos anos de experiência, apesar da pouca idade. Depois de brindar a José Fernando Potier, Presidente da Direcção da Associação Nacional de Grupos de Forcados, o António colocou-se no meio da praça, tentando provocar a investida do toiro. No entanto, o toiro mostrou-se distraído e/ou desinteressado, até ver o António a pouco mais de um metro.
(Desabafo: Neste preciso momento, uma boa parte dos cerca de 10.000 aficionados presentes na Praça começou a assobiar ruidosamente. Partindo do razoável princípio que nenhuma dessas pessoas terá batido as palmas a um toiro, tenho a ousadia de fazer duas perguntas: 1.ª - Porquê? e 2.ª – Serão os mesmos aficionados que aplaudem estusiasticamente e sem critério sempre que um forcado desfaz uma pega, esteja o toiro a 2 ou a 20 metros?... Fim de desabafo)
A verdade é que fosse talvez uma daquelas situações em que valeria a pena desfazer a pega para recolocar o toiro. O António não o fez, e teve de suportar uma investida muito brusca do toiro, que se sentiu acossado e se defendeu. O António não conseguiu fechar-se convenientemente, o que deu origem a uma queda bastante feia, de onde saiu bastante maltratado. Apesar de, como lhe competia, ter sacudido o pó da jaqueta e partido de novo para o toiro, o António ficou bastante diminuído depois desta tentativa, como penso ter sido nítido para todos em Praça.
Assim, à medida que o toiro “piorava” a olhos vistos, tendo tido algumas investidas verdadeiramente aflitivas, o António - com pouco brilho mas muito brio - efectuou uma série de tentativas ao toiro, tendo finalmente pegado o mesmo, já com ajudas muito carregadas. Foi depois “picar o ponto” ao Hospital de Santarém, por duas razões distintas: por uma questão de precaução, uma vez que ficou bastante marcado pela dura pega que tinha feito; e porque já há muito tempo que ninguém passava na Ala António Abreu daquele hospital, que bem merece uma visita de vez em quando…
O António não precisa de grandes palmadinhas nas costas nesta altura – precisa é de se pôr bom rapidamente para voltar às grandes pegas, já em S. Manços no Domingo de Páscoa!
[António Jesus, Nelson Ramalho (1as), Pedro Cabral, Filipe Almeida (2as), Filipe Falcão, Lopo de Carvalho, Filipe Falcão (3as) e David Romão (ao leme).]
De destacar ainda a óptima actuação do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete, com três pegas de grande categoria à primeira tentativa.
O jantar, no Restaurante Jardim dos Frangos, foi ao melhor nível dos últimos tempos, e teve um pouco de tudo.
A saber: Fortíssima presença feminina;
Presença de velhas glórias do GFAS (Manuel Inês, Nuno Rosário, Pedro Seabra, João Cabaço, Paulo “Pitufo” Lapão, entre outros);
O Bábá a cantar os parabéns ao Pedro Féria;
Discursos sérios, daqueles de tirar apontamentos;
Asdrúbal a ser ele próprio;
Novas versões do hit “J.P., és de borracha”, nomeadamente, “J.P., és de acrílico”; “J.P., és de madeira exótica”; “J.P., és de pau tratado” e “J.P., és de PVC”.
Foi, portanto um grande jantar, que pôs muito alta a fasquia para o resto da época.
Em conclusão, apesar de estarmos ainda em Março, houve já um cheirinho a época… e se não foi um dia perfeito, serviu na perfeição para nos lembrarmos da dimensão do Grupo, e da falta que sentimos dele no defeso. Jorge Andrade/Peu Torres (A fotografia desta notícia é da autoria de Francisco Romeiras e foi retirada do site Tauromania) Reportagens fotográficas da Corrida: http://www.tauromania.pt/noticias_detail.php?typ=reportagens&aID=3355 http://www.tauromania.pt/noticias_detail.php?typ=reportagens&aID=3356 |