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Dia de Portugal, de Santarém, e do GFAS

10/06/2009, CNEMA, Santarém, às 23:30: jantar muito animado num restaurante da Feira. Casa cheia de amigos, antigos forcados, discursos acalorados, copos bebidos e muito boa disposição. Depois de uma tarde infelizmente “cinzenta” – meteorológica e artisticamente falando – na primeira corrida da Feira de Santarém, cheia de peripécias e de lesões, o Grupo reencontrava-se depois de um importante triunfo na corrida de quarta-feiraa, e festejou orgulhosamente pela noite dentro.

Mas comecemos, como é costume, pelo início:


10/06/2009, Campo Emílio Infante da Câmara, Santarém, às 15:00: O encontro foi em casa do Gonçalo Veloso, ali bem perto da “Celestina”. (Recomenda-se vivamente a todos os aficionados uma visita a esta casa, pois entre fotografias, cartazes, prémios, orelhas e afins, está ao nível de um Museu da Maestranza de Sevilha). Obrigado Gonçalito, pela hospitalidade e pelas minis Sagres de abertura fácil.

Era a que alguns apelidavam de “Corrida do Ano”, e a expectativa era máxima: toiros Passanha, para João Moura, pai e filho, e ainda Diego Ventura. Acompanhava o GFAS o Grupo de Alcochete, capitaneado por Vasco Pinto.

Não foi bom ver vestidos à civil numa data destas Forcados como o Pedro Féria, o António Grave, o João Rosado ou o António Gomes Pereira (só para citar as lesões mais recentes)… São coisas que acontecem a todos os que lá andam, e por muito que custe vê-los de fora, convém não esquecer que na barreira, na fardamenta ou no jantar, continuam a ter um importantíssimo papel nestas alturas.

Ao chegarmos à praça, toda a gente percebeu que, como em corridas recentes, a praça teria muita gente. No entanto, fomo-nos apercebendo à medida que chegavam as cortesias que esta seria mesmo uma enchente quase sem precedentes: no hay billettes!!! Se pegar na Praça de Santarém é sempre um orgulho, mesmo que seja só “para cimento ver”, como aconteceu durante alguns anos, a sensação é indescritível quando estão quase 15 mil pessoas nas bancadas!

10/06/2009, Monumental Celestino Graça, às 17:30: Uma breve nota acerca dos cavaleiros da tarde (e breve, apenas por falta de conhecimento de causa): todos muito bem e à altura do conhecimento. Cada um com as suas armas, e mesmo que sem toiros excessivamente complicados, foram fundamentais para o êxito da corrida.

O primeiro toiro da corrida, um típico Murube, com 535 kg, foi pegado pelo nosso Cabo, Diogo Sepúlveda. O brinde, lento e toureiro, foi ao público de Santarém, como é sempre de louvar ao abrir praça.

O Diogo citou com muita tranquilidade e experiência, tendo mandado vir o Passanha logo que este se mostrou interessado. A pega consumou-se com aparente facilidade, própria de um forcado habituado a relativizar situações complicadas.
Os mais atentos reparam em dois pormenores: o auge da fase “Manuel Murteira” do Diogo, ou seja, cada vez confiante a trazer os toiros a recuar (que espectacular evolução ao longo dos anos!) e o facto de ter pegado à barbela, coisa muito rara, mas que só vem provar que não há fórmulas mágicas.
A pega foi magnificamente ajudada (dando máximas vantagens ao toiro) pelo Miguel Navalhinhas e restante Grupo.

Para o nosso 2.º toiro (520 kg), estava reservada uma meia-surpresa: David Romão, o nosso brilhante rabejador e/ou cernelheiro, pegou de caras! A única pessoa que não ficou surpreendida foi o próprio David, que manifestou muitas vezes a sua vontade ao Diogo durante a semana, e que estava cheio de ganas de se estrear na nossa Praça.

Depois de um brinde ao Eng. Joaquim Pedro Torres, antigo forcado do Grupo (e meu Pai) que foi condecorado nesse dia pelo Presidente da República, o David perfilou-se no meio da praça e começou o cite. Apesar de toda a sua vontade e “toreria”, a 1.ª tentativa não funcionou, provavelmente porque a investida do toiro, pelas suas características, precisava de ser mais provocada. A reunião não foi brilhante, e os ajudas – comandadas pelo Almirante Pedro Cabral – não chegaram a tempo e viram o David a ser completamente despachado pelo toiro.
Na segunda tentativa, o David mandou muito melhor na investida e fechou-se lindamente no toiro, mas este fugiu ao Grupo, com a cara baixa, não dando grandes hipóteses para a concretização da pega.
À terceira tentativa foi tecnicamente perfeita, e a pega foi consumada com classe e rematada com segurança por todo o Grupo.

O momento da tarde, porém, estava guardado para o 5º toiro da corrida. Se não há quinto malo, porque é que no Dia de Portugal haveria de ser diferente?
O toiro (530 kg), na linha do restante lote, embora talvez mais reservado, foi na minha opinião excessivamente toureado pelo Diego Ventura. O Diogo entendeu dá-lo ao nosso anfitrião da tarde, “Gonçalito” Veloso. E em boa hora o fez.

Começou então oficialmente o “Espectáculo Veloso”, que não estava previsto no cartel mas que o público muito apreciou:
Começou logo no saltar da trincheira, acto habitualmente mecânico que o Gonçalo faz de forma superior. Continuou no brinde, justo e sentido, aos dois Cabos do GFAS aos quais muito deve – Gonçalo Cunha Ferreira e Pedro Graciosa. Prosseguiu no cite, único e templado, como só ele sabe. Continuou no carregar, decidido, e na forma artista como trouxe o toiro. Na reunião, o “Espectáculo Veloso” ganhou nova dimensão, com o toiro a colocar a cara bem alta e o Gonçalo a enrolar-se na perfeição. Depois, o Espectáculo ganhou novos intervenientes: primeiro Nélson Ramalho a dar primeiras ajudas, com uma corajosa visita ao chão da Praça, e logo depois todo o Grupo a fechar com brilhantismo. Pega consumada, duas apoteóticas voltas à Praça e chamada aos médios. Fim do “Espectáculo Veloso”. Muito obrigado e até à próxima.

De referir também a boa actuação do Grupo de Alcochete, respectivamente com pegas à 3ª, 2ª e 1ª tentativas, e sobretudo à pega do Vasco Pinto, Cabo do Grupo, ao 4º toiro da corrida, que foi brindada com sentimento ao GFAS.

11/06/2009, CNEMA, Santarém, às 08:30: Voltando ao princípio da crónica, a festa foi rija e acabou de manhã. Convenhamos, não era coisa para menos, triunfo do Grupo numa corrida importante, sem lesões e ainda a ilusão dos 7 Graves que nos esperavam 4 dias depois!

Acho que ouvi dizer algures na noite que o Grupo tinha estado à altura da tal “Corrida do Ano”. Por acaso, a mim ninguém me tira da cabeça que foi precisamente o contrário…

Um abraço,

Peu Torres

 


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