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GFAS pelo Oeste - Regresso à Nazaré

A zona do Oeste poucas vezes rima com “Sol e Moscas” no que aos toiros se refere, a prová-lo ficaram as Corridas do 15 de Agosto, nas Caldas da Rainha, em que por imprudência (imperdoável, já que passando férias há quase 3 décadas em São Martinho do Porto tinha obrigação de me precaver contra o facto de o Inverno habitualmente aqui vir passar o Verão) fui de T-Shirt e rapei um “barbeiro” dos tais e a da Nazaré, no dia 22 em que, a ausência de Sol se compreende pelo facto de ter sido nocturna, a camisola de lã cumpriu a sua função e tornou o espectáculo bem mais agradável.

Foi o meu primeiro dia de férias e que melhor forma de as começar do que estar no meio dos meus amigos, a reviver os momentos bem passados quando me encontrava no “activo”.

Deixei de me fardar já em 2006 (o tempo voa…) e, desde então, não tenho acompanhado o GFAS com a assiduidade com que gostava nem que pensava quando tomei a decisão de me tornar parte da assistência. Sempre pensei que, uma vez que grande parte dos amigos lá continuam e que o gosto é o mesmo, a regularidade com que iria ás corridas seria maior (até porque sempre me fez uma certa confusão a malta que se retirava e deixava pura e simplesmente de aparecer), no entanto outras solicitações vão surgindo e, no meu caso, uma pós graduação e os preparativos do casamento acabaram por me tornar preguiçoso neste aspecto. Em 2009 tomámos (em conjunto com a Ming, claro!) como resolução de Ano Novo a de acompanhar com maior regularidade o GFAS.

E assim tem sido, se bem que ás que são mais perto… aos Sábados… enfim, as fáceis de ir (as difíceis talvez para 2010) lá comparecemos em meia dúzia de eventos. Posso referir que é sempre bom ver o GFAS mas nada se compara a envergar a nossa jaqueta, viver o que vivemos juntos. Não é a mesma coisa: ver da bancada ou viver todos os momentos lá em baixo, na trincheira, onde tudo se passa…

Desta vez voltei a ter a oportunidade de me aproximar desta realidade pois, a convite do Grupo (veiculado pelo Diogo Sepúlveda, claro está e a quem agradeço), assisti á corrida na trincheira.

O Cartel era constituído pelos cavaleiros António Ribeiro Telles, João Telles Jr. e Salgueiro da Costa que lidavam toiros da ganadaria de Herdeiros de Conde Cabral que, por sua vez eram pegados pelo Grupo de Forcados Amadores de Santarém e Coruche.

Um dos objectivos destas crónicas é o de deixar escrito o que se passou na corrida a que se referem, como estava a praça (1/4, ½, cheia…) como saiu o toiro (cor, tipo de cara, peso…), como foi lidado (bem, mal ou mais ou menos), quem e como pegou, etc, etc. Vão-me desculpar mas a minha memória é bem curta nestes aspectos e por vezes custa-me lembrar sequer quem pegou e a que tentativa. Posso garantir que não se trata de nenhum caso severo de Alzheimer já que esta facto acontece desde quando me fardava, em que tinha um livrinho de apontamentos onde registava todas as corridas, ajudas dadas, tentativas, etc e, muitas vezes, era-me difícil fazer o resumo logo nos dias seguintes. Admiro a memória prodigiosa de alguns, como o Navalhas, que se lembram da cor dos olhos do toiro que saiu como Sobrero na corrida em Nave de Haver em 1900 e troca o passo…

Pelo facto vou apenas resumir os acontecimentos e concentrar-me mais naquilo que senti e relembrei:

Os toiros saíram com pesos compreendidos entre os 450 e os 520 Kg e, tirando um ou outro, não me pareceram de dificuldade superior se bem que pediam ajudas e correcção por parte do forcado de caras.

O primeiro, lidado pelo António Ribeiro Telles foi pegado pelo António Imaginário (vulgo Jorginho) que, não o recebendo da melhor forma, se emendou e agarrou com “ganas”. Bem ajudado conseguiu concretizar ao primeiro intento. Nesta tentativa saiu o Pedro Féria um pouco magoado, a ter de ir á enfermaria e fazer um rx aos costados, resultado da paixão que sente pelo Grupo e da vontade de estar fardado o que o leva a ignorar os conselhos médicos.

O terceiro da noite, segundo para o nosso Grupo, foi pegado pelo António Gomes Pereira, após a lide lhe ter sido brindada pelo cavaleiro Salgueiro da Costa. Pelo facto de ser o seu dia de anos. Realizou uma boa pega, á primeira tentativa e com mais uma boa intervenção da malta das ajudas, e acabou a ouvir a banda a tocar e a praça inteira a cantar os “Parabéns a você…” num daqueles momentos que poucas vezes se repetem e se tornam inesquecíveis. (grande trabalho do Peuzinho)

O João Góis pegou o nosso último toiro, quinto da corrida, provando que o querer e persistência superam qualquer tipo de nervosismo ou dificuldade. Apagando da praça da Nazaré a última memória que lá tinha deixado, tendo certamente desafiado os seus medos superando-se a si mesmo. Mais uma vez os ajudas foram eficazes.

Mas o que mais gostei foi o de estar mais próximo, sentir a vontade do Grupo, o nervosismo dos mais novos, a calma dos mais antigos…

O Jantar decorreu no restaurante “O Típico da Serra” (dos Mangues), conhecido internacionalmente pelo seu bacalhau e como tal o menu era… Carne de porco á Alentejana, bem boa, por sinal. O ambiente foi fantástico, familiar como sempre, marcados por momentos hilariantes como sejam o Peidinha a vibrar com as cantorias que lhe são dedicadas (e os lenços brancos…). Nesta parte da corrida destacaram-se os mais antigos, a beber copos á séria já que, no dia seguinte haveria responsabilidades para as camadas jovens, em Alcobaça, e por isso mesmo o Sumol foi a bebida preferida.

 

A noite acabou no tradicional baile de Chita com o Féria totalmente recuperado, em ambiente de festa.

Pelo Grupo de Santarém

Venha Vinho

Um abraço,

 

José Maria Côrte-Real

 

    

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