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Que até deu dó...
Santarém, 3 de Outubro de 2009.
Corrida a favor da Santa Casa da Misericórdia de Santarém

Caríssimos Amigas e Amigos do G.F.A.S.:

                Foi na casa do nosso “Sargentão” que mais uma vez nos fardámos, desta feita na última corrida da temporada. Desde já um muito obrigado ao Pedro Féria e Teresa Féria por tão bem nos receberem.

                Corrida sem emoção, com toiros pouco ou nada dignos da nossa praça. Há excepção, o toiro de António Silva e Murteira Grave. O Murteira Grave estava bem apresentado e deu emoção na pega dos Forcados Amadores de Vila Franca. O António Silva infelizmente recolheu aos currais com um corno partido, sendo substituído pelo sobrero de Romão Tenório, era daqueles toiros de pega e a pedir a coesão de todo o grupo.

                O episódio mais caricato desta corrida, ocorreu logo na recolha do primeiro toiro, quando entraram os cabrestos (se assim os podemos chamar), quanto a mim é inadmissível que um jogo de cabrestos desta natureza ou idade saia para a arena de qualquer praça. Relembro que estávamos em Santarém, praça de primeira categoria e das mais importantes do país. O que inviabilizou uma das artes mais bonitas de pegar toiros, a pega de cernelha, de grande tradição no G.F.A.S. Sendo que o empresário da praça de Santarém foi dos grandes forcados e cernelheiros da nossa história e que admiro muito.

                No capítulo das pegas, a tarde correu bem, os forcados adaptaram-se às poucas condições dos toiros.

                Para o primeiro, o Romão Tenório com 580 Kg, foi escolhido pelo nosso cabo, o António Gomes Pereira. O António fez uma boa pega à primeira tentativa, esteve bonito a citar, mandou vir o toiro e com uma boa reunião fechou se com decisão, os ajudas fecharam muito bem. Num toiro que mais parecia um “porco gordo” e que apresentava dificuldades de visão.

                O segundo foi da casa Prudêncio com 465 Kg, foi ao toiro o Francisco Goes, que realizou uma pega à primeira tentativa sem grandes dificuldades, mas que moralizam forcados e o Francisco aproveitou bem e mereceu a confiança do Diogo.

                Por último o Diogo escolheu o nosso “Pauleta”, pegou o Canas Vigoroux com 515 Kg. O João de Brito foi das confirmações desta época e que me tem enchido as medidas, aproveitou todas as oportunidades que o Diogo lhe deu. O João transparece serenidade, cita como mandam as regras, caminha decidido, toureiro, a mais de meia praça, depois o toiro ajudou, arrancou com pata e o João muito bem na reunião conseguiu uma boa pega e ao primeiro intento. Destaque para o Bernardo “Sá Leão” com uma grande primeira ajuda.

                Pelo Grupo Forcados Amadores de Vila Franca, pegaram Flávio Henriques (segunda tentativa), o Pedro Henriques (primeira tentativa) e por fim o Diogo Pereira (primeira tentativa), depois de dobrar o Pedro Castelo, numa pega rija ao toiro Grave.

 

                A surpresa da tarde/noite foi proporcionada pelo Miguel Navalhinhas ao anunciar que foi a última vez que vestiu a jaqueta do G.F.A.S. Enquanto nos desfardávamos depois da corrida o Miguel anunciou no quarto a sua decisão, calmo, sereno, como só ele sabe ser, mas só Deus sabe o quanto lhe custou esta decisão.

                O Miguel vestiu pela primeira vez a jaqueta do G.F.A.S. a 25/05/1996 em Portalegre e desde então foi um forcado de excepção, humilde, valente, omnipresente, …, sai do G.F.A.S. como entrou, discretamente, mas deixando o nosso grupo mais rico com os valores que nos transmitiu e nos passou de anteriores gerações (quatro cabos). Grande forcado, as suas ajudas não serão esquecidas por ninguém, as vantagens que dava aos toiros e o conhecimento dos seus terrenos davam lhe vantagem na hora de ajudar.

                É me difícil exprimir o que sinto numa hora destas, tristeza certamente, porque o vou deixar de ter fardado a meu lado e pelo amigo que é, mas feliz ao mesmo tempo, porque me ensinou muito, foi e será uma referência para mim enquanto homem e forcado, deixou um legado muito grande aos ajudas do G.F.A.S. e porque sei que é um homem de ideias fixas, que foi uma decisão pensada, ponderada e feita em consciência, desejo lhe a maior felicidade do mundo.

                Resta agradecer-lhe e dizer um muito Obrigado Miguel pelo que nos deste. Foi um privilégio fardar me contigo e ajudar a teu lado.

                Com a saída de ajudas como o Pedro Cabral e o Miguel Navalhinhas, só dá mais responsabilidade aos que ficam, para que o Diogo e o G.F.A.S. não “sintam” em praça a falta destes grandes forcados. Graças a Deus a história do nosso grupo tem sido feita de Homens como eles e continuará por muitos e muitos anos.

                Por último, queria dar os parabéns ao Diogo pela época realizada e deixar um beijinho à Filipa Cabaço, um abraço ao Ricardo Cabaço e a toda a sua família.

 

Pelo Grupo de Santarém…

Venha Vinho!

Venha Vinho!

Venha Vinho!

 

Um grande abraço,

Nélson Ramalho

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