Sábado, 24 de Outubro de 2009 10:00 Acordei como novo depois de uma semana intensa de trabalho. 11:00 Depois de um belo pequeno-almoço na pastelaria em baixo de casa, fui buscar mais alguns presentes de casamento que faltavam à loja e fui ao supermercado fazer as compras da semana. 13:00 Cheguei a casa e comecei a fazer as tarefas típicas de quem começou uma vida nova como casado: limpar a casa, fazer o almoço, tirar a loiça lavada da máquina… 15:30 Decidi…é agora! Depois de uma temporada muito intensa, com corridas de toiros, casamento, lua de mel/férias e a vindima que nem à uma semana acabou, decidi que tinha de ser agora. Apesar de ter a casa de pantanas com os presentes todos do casamento espalhados, decidi parar e agarrar-me ao computador. Já estava na hora de vos escrever directamente: Miguel Navalhinhas e Pedro Cabral. Não será, certamente, fácil transmitir tudo o que se sente para palavras. Quando comecei no Grupo de Santarém, vocês tinham entrado 2 anos antes. Apesar de novos, facilmente ganharam o vosso espaço no Grupo, por alguma razão será. Durante alguns anos andei de mala atrás, de terra em terra, para tentar ter a oportunidade desejada de me fardar, enquanto que vocês já faziam parte do “onze inicial” do grupo. Dada a aproximação de idades, era em vocês que muitos de nós púnhamos os olhos. A educação é transmitida de pais para filhos, mas a formação é feita por cada um nós e eu penso que é devida a vossa formação que vocês se tornaram numas das maiores referências do Grupo de Santarém dos últimos anos. Poderia estar aqui até amanhã a adjectivar toda a vossa passagem pelo Grupo, mas não haveria palavras suficientes para tal. Um dia, num “daqueles” jantares na Póvoa do Varzim disse no meu discurso: “Miguel e Pedro, um dia gostava de ser como vocês. Gostava de ter a vossa confiança em praça, a vossa eficácia e, acima de tudo, a vossa humildade e simplicidade”. Sempre me transmitiram que os melhores forcados são aqueles que estão sempre calados, que nunca falam de si e que passam por despercebidos pela sua humildade. Vocês são mais dois grandes nomes a juntar a esta vasta lista de grandes forcados que passaram pelo nosso Grupo. Foram e serão para sempre uma grande referência e um exemplo a seguir, não só para os mais novos como para os mais velhos. Vocês são o exemplo vivo de tudo o que tento transmitir aos mais novos que estão a começar: sejam amigos uns dos outros, sejam muito aficionados e sejam humildes. Sei que vocês continuarão a acompanhar o Grupo, agora como antigos elementos, e como tal, não deixaremos de cantar as vossas músicas: “Quando o Peidinha entrar, todo o grupo vai cantar” e “Ó Navalhas és um grande barrasco e nunca largas este tasco!”. Até no sair do grupo, vocês foram GRANDES: sem brindes, sem voltas à praça, sem quaisquer protagonismos. Como dizia o meu primo Nuno, numas das suas boas saídas: “no Grupo de Santarém não há figuras!” Se há alguém que é figura é a própria história do Grupo que vai sendo escrita ao longo destes quase 100 anos, por onde passaram mais de 500 forcados. Sempre disse que um forcado deve deixar o Grupo, sempre com o “bichinho cá dentro”, ou seja, com a sensação de que podia ficar mais algum tempo. É um sinal de que a paixão nunca vai morrer e que nunca deixará de acompanhar o Grupo. Não quero pensar no que vos há de ter custado tomar essa decisão, mas é assim: ser forcado é uma passagem da nossa vida e na qual tiramos muitas lições para as nossas vidas. Tudo na vida tem o seu tempo e muitas vezes chega a nossa hora para darmos lugar aos mais novos. Enquanto se é forcado, está-se a 200% dedicado ao grupo e isso vocês estiveram sempre! Resta-me agradecer toda a vossa dedicação ao Grupo e todo o apoio que me deram para, juntamente com todos, continuar a escrever a já vasta história do nosso Grupo. Um grande abraço, Diogo Sepúlveda |