Dignidade – Em Português esta palavra pode ter vários sentidos, entre os quais: “Modo digno de proceder”, “Procedimento que atrai o respeito dos outros”, “Cargo ou titulo de alta graduação”. Posto isto o que se passou ontem no Cartaxo com o Grupo de Forcados Amadores de Santarém, ilustra bem estes significados, senão vejamos: - Os Toiros Prudêncio que saíram, foram cornupetos que metiam respeito a qualquer ser Humano ou anima,l não pelo seu tamanho ou apresentação, mas pelo que fizeram em praça. Sou daquelas pessoas que acho que é mais agradável ver um tipo de curro mais “macio”, mas devido ao ambiente actual da nossa Festa, penso que um curro destes em que principalmente 2 toiros foram muito mansos , é igualmente necessário, porque só lá anda quem sabe e pode estar, é com toiros destes que se faz a selecção natural dos Grupos, é com toiros destes que o Diogo poderá ver com os que pode contar, para quando surgir ”lenha para partir”, porque com a enorme adesão que o Grupo tem de forcados, pode ter um leque de opções muito variado. Para variar saiu ao Grupo o pior lote, o 3º uma “rosca” das antigas e o 5º um “Tonante” de se lhe tirar o chapéu. O lote do Grupo pesou 480Kg, 550Kg e 580Kg. - Não irei comentar o modo técnico como os Forcados tiveram, dados que o Cabo com certeza já terá comentado com os próprios, irei sim dar a minha opinião como os vi: - O António Imaginário, miúdo que vimos nos treinos e nalgumas corridas em que tem pegado, à tanto tempo, com tanto empenho e abnegação, com um modo de estar e de saber esperar com muita Fé, que o momento iria chegar, penso que deu ontem a prova de que com ele se pode contar como forcado. O modo como esteve com o toiro e a garra com que se fecha, deixaram-me uma satisfação muito grande. Parabéns António. - O Manuel Roque Lopes teve de “tragar a rosca”, problema que qualquer pessoa via não ser fácil de resolver. Mas minhas Sras., e meus Srs., é aqui que o Grupo de Santarém tem uma das diferenças, porque até na hora dos desaires e problemas e quando toca a unir o Grupo está com vontade e classe para resolver o problema, não existem RGF, não existe aquele forcado “ai coitadinho deixa ver se está magoado” com o toiro a descansar o público à espera, não existe o forcado que faz gala em estar descomposto, existe vontade de se resolver o problema. Ontem o que se passou foi isto mesmo com o Roque Lopes a ter de lá ir 4 vezes, com o toiro umas vezes a bater forte outras a tirar a cara, mas transmitindo e com a certeza de que estava ali um Forcado e um Grupo para resolver a situação. Força Roque Lopes - António Grave Jesus, só o nome assusta, “eh pá, este é daquela Família Grave dos toiros em que o Avô e os Tios andaram aí todos, até um deles foi Cabo, e Jesus, oh, pois é o Pai dele também andou aí, era duro como o aço, bom Forcado, lembro-me bem”. Isto dizia um Velho Cartaxense aficionado, com muitos anos a ver corridas de Norte a Sul. Vi, esta corrida com o Manuel Goes e o Nuno Varandas e quando vimos o toiro ser entregue ao António dissemos entre nós “já lhe vimos o melhor e o pior, vamos ver que isto é um tonante”. Pois bem António foi a vez que te vi melhor, tiveste muito mas muito bem com o toiro, e foste lá 3 vezes por fatalidades que acontecem, umas as ajudas deixam escapar-te, outra o toiro mete um piton, e à terceira ficaste que nem uma lapa. Parabéns e precisavas que isto te acontecesse. Fé em Deus e anda para diante. - Podem dizer as pessoas “este tipo é doido não se pega nenhum à primeira, fazemos 9 tentativas para pegar 3 toiros, e ainda diz que gostou?”. É que a diferença é essa, ninguém lá anda obrigado, muito, muito menos no Grupo de Santarém, só que quem lá está tem de ser digno dos 95 anos que já passaram. - O Grupo de Coruche que vejo pouco estiveram também muito bem com toiros a pedir meças, e uma grande pega ao último da corrida. Peço desculpa não saber o nome dos Forcados que pegaram, mas também para Eles um abraço. - Os Toureiros: - Achei que o João Salgueiro, pôs ferros muito bons, não sendo para nada necessário, o histerismo de sem rédeas avançar à carga para o publico, é que o Salgueiro é tão bom toureiro que não precisa de circo, ou acha que isso mete mais o publico com ele, não sei !!!. O Vitor Ribeiro teve acertado sem ser o Toureiro que se via há uns tempos atrás, e a Ana Batista, peço desculpa mas minha Sra., tiro-lhe o chapéu, saíram-lhe os piores e conseguiu lá andar sem deslustrar, e com o seu lote só isso seria bastante difícil. Como observação, gostava só de dizer que não está no contrato dos toureiros, a obrigatoriedade de dar volta á praça, pelo que tenham um bocado de compreensão e cuidado com as voltas que dão, é que esse facto, pode voltar-se contra vocês próprios. Esta é a minha opinião sobre o que vi ontem no Cartaxo, sei que muitos podem não concordar, mas porque o Diogo me fez o convite e eu, tanto pelo Grupo de Santarém como pelo Diogo, não poderia recusar. Estamos nos 95 anos, já agora deixo aqui um pequeno texto para as Sras., pensarem, verem e realizarem o que se fazia nas datas do Grupo de Santarém em 1945 “Sabemos que as Damas de Santarém e arredores, estão a fazer lindas Monas, para premiar os Forcados de Santarém, nesta corrida que vai marcar mais uma importante data desta praça e deste Grupo” António Rhodes Sergio |