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Crónica da Corrida da Comemoração dos 95 Anos do Grupo de Santarém

O Diogo pediu-me para fazer a crónica da Corrida dos 95 anos e apesar de ficar preocupada, pois nunca fiz nenhuma crónica, aceitei e até me senti lisonjeada porque não é uma crónica de uma corrida qualquer, mas da Corrida Comemorativa dos 95 anos, toda ela cheia de emoções e demonstrações de coragem do princípio ao fim, com vários momentos altos em que os forcados mais velhos e já retirados não quiseram deixar os seus créditos por mãos alheias.

Ainda por cima a Ganadaria escolhida para a Corrida não era uma ganadaria fácil à partida, são toiros com casta que é necessário estar bem com eles, mas que de uma maneira geral cumpriram.

A abrir praça foi o Diogo, Cabo, que brindou ao grupo e foi pegado à quinta tentativa. Na primeira esteve bem no cite, carregou, reuniu e fechou-se muito bem, mas o toiro tirou-o com um violento derrote para baixo. Nas seguintes tentativas o toiro teve sempre uma reunião complicada, metendo um piton. Saiu a primeira ajuda, o Pedro Féria, que se lesionou na quarta tentativa, depois de o toiro derrotar violentamente ficando preso com a cinta num piton, e foi depois dobrado pelo Miguel Navalhinhas.
Na última tentativa, o Diogo teve que dar um “passo ao lado” no momento da reunião, para consumar a pega. Nenhum desprimor para o Diogo pois todos sabemos que é um forcado seguro que nos tem brindado com muito boas pegas e pela valentia demonstrada. Este toiro foi rabejado pelo António Cachado, que fazia 11 anos que se tinha retirado.

No segundo toiro foi para a cara, Francisco Gameiro, momento de grande “suspense” pois era um forcado já retirado. O toiro arrancou e o forcado aproveitou bem a pronta investida do toiro, aguentou e fez uma grande pega, muito bem ajudado por todo o grupo (activos - retirados), com uma grande primeira ajuda, Nelson Ramalho. Esta pega foi oferecida aos cabos.

Para o terceiro toiro, saiu o Gonçalo da Cunha Ferreira, outro forcado retirado, que escolheu o grupo para o ajudar. Desta vez a presença dos forcados retirados foi superior. A pega foi brindada ao Pedro Féria, um brinde emotivo, depois deste ter regressado da enfermaria. O Gonçalo pegou à terceira tentativa após duas investidas duras com o toiro a arrancar com pata quando o Gonçalo carregava. O André Durão deu uma grande primeira ajuda e o toiro foi muito bem rabejado pelo Carlos Grave.

Para pegar o quarto toiro saiu outro veterano, o Nuno Varandas, que brindou ao Sr. João Duque (irmão do saudoso rabejador Jorge Duque), que após duas tentativas duras com o toiro também a arrancar com muita pata, ficou um pouco atordoado, mas mesmo assim voltou ao toiro e consumou a pega à terceira tentativa com uma grande ajuda do Pedro Seabra, que depois foi chamado para dar a volta com o forcado da cara. A destacar o rabejador que foi o Pedro Graciosa a demonstrar boa forma, mesmo depois de ter dado uma voltareta na segunda tentativa e uma boa terceira ajuda de Francisco Ataíde.

Para o quinto toiro foi escolhido o Gonçalo Veloso, que após brindar ao seu pai, fez uma grande pega. Mandando no toiro, muito “toureiro” como é seu costume mandou vir o toiro, recebeu bem e fez uma grande pega à primeira tentativa, muito bem ajudado pelo Lopo de Carvalho a dar a primeira ajuda e por todo o grupo.

O último toiro da tarde foi para a cernelha (a pega de cernelha é um dos ex-libris do Grupo de Santarém) saindo para tentar pegar o toiro, a dupla Luís Assis e António Cachado que gentilmente me brindaram a pega. Mas esta pega nem sempre é fácil quando os toiros não encabrestam e foi o que aconteceu, pois os cabrestos não se chegavam ao toiro. Tiveram uma oportunidade em que o Luís entrou muito bem embora ligeiramente atrasado, mas o António não conseguiu entrar e a partir daí, tornou-se mais difícil, pois o toiro andou sempre destapado e cheio de sentido investindo algumas vezes para os forcados e campinos, mostrando o Cachado muita sabedoria e “classe” numa das investidas do toiro. Este toiro foi depois pegado de caras pelo Manuel Roque Lopes, outra grande pega com o toiro a investir novamente com pata. Todo o grupo ajudou muito bem (activos – retirados) a destacar uma grande primeira ajuda, novamente Nelson Ramalho e uma grande segunda ajuda de Luís Assis. David Romão rabejou também muito bem.

No intervalo houve uma homenagem ao Grupo de Santarém indo à arena todos os forcados presentes que ao longo das várias épocas se fardaram pelo Grupo. Não só para ouvirem as palavras de louvor que lhe foram dirigidas, quer pelo Sr. Presidente da Câmara, quer pelo Sr. Francisco Morgado, como para receberem os presentes oferecidos pela Câmara e outras entidades. Antes das fotografias habituais, eu, como Madrinha do Grupo ofereci aos cinco cabos, as “monhas”, réplicas das que em épocas passadas eram oferecidas pelas Senhoras aos forcados em corridas de beneficência.

Após a corrida, a Família do Grupo de Santarém e os amigos reuniram-se num jantar de confraternização na Casa do Campino, para comemoração dos 95 anos e já a pensar no Centenário que se aproxima…

Pelo Grupo de Santarém, venha vinho, venha vinho, venha vinho…!

A Madrinha

  

 


            
                       

           
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