Pela segunda vez, o Diogo Sepúlveda pede-me para fazer uma crónica de uma corrida do Grupo de Santarém. Desta vez calhou a corrida de Évora, na passada sexta-feira, dia 24 de Setembro, às 10 da noite. Foi com uma enorme alegria que há cerca de duas semanas atrás, vi um anúncio numa das ruas de Évora, onde constava no cartaz o nosso Grupo. Automaticamente fiz uma crítica! Na corrida (boiada) de São Manços o cartel fazia referência aos 95 anos do Grupo de Santarém e nesta não faz porquê? Não sei se sou só eu que penso nisto, mas acho que existe alguma intenção da parte de alguns empresários, em não dar valor à antiguidade do nosso Grupo. Volta e meia vemos cartéis a referir que o grupo A ou B comemoram os seus 30 ou 40 anos e nos nossos 95 ninguém fala! Polémicas à parte, o que me compete a mim hoje é falar na corrida. Vou escrever da maneira como vi e senti a corrida, sem fazer grandes críticas, pois não me considero um “expert” para poder escrever muito à vontade. Saíram ao Grupo 3 touros Passanhas com 4 anos de idade e média de 600kg. O 1º Touro foi pegado pelo Luís Sepúlveda, à 1ª tentativa. Citou com calma e a mandar no Touro. Embora o Touro não tenha feito mal, na minha opinião ele esteve bem, pois mostrou maturidade, calma e inspirou confiança ao público, pois ao citar um touro com 660kg, que impunha respeito só pelo peso, da maneira como o fez, ficou meia pega feita. Ainda escorregou a recuar, pois o estado da arena era péssimo, principalmente no centro, mas conseguiu na minha opinião reunir-se bem e consumar a pega à primeira. O 2º forcado do Grupo a pegar foi o “Jorginho” Imaginário, primo do antigo forcado João Canavarro. Segundo me contaram, o nome Jorginho surge através de algum distraído que achava que o Janjão era Jorgão, logo o primo mais pequeno seria o Jorginho. Na realidade ele chama-se António. Cá para mim, o António, tal como na semana passada em Santarém, esteve um tigre ao agarrar-se aos touros com uma grande vontade, fazendo lembrar o Gonçalo Veloso, que além dos braços, tentava enrolar as pernas à córnea dos touros. Fez três tentativas com vontade, embora lhe faltassem as ajudas. Na primeira tentativa, o touro deu uma volta de 90⁰ e fugiu completamente ao grupo dando-lhe os derrotes suficientes para o tirar da cara. Nesta tentativa, seria muito difícil que os ajudas lá chegassem a tempo. Nas outras duas a vontade do António foi a mesma, mas como foi pouco ajudado na 2ª, teve que lá voltar outra vez. PARABÉNS para ti António. O nosso 3º touro, também era um touro sério e mais mansarrão, pois na lide a cavalo, pouco se mexeu. Foi pegado pelo Góis à terceira tentativa. Na minha opinião, o Góis não esteve bem com o Touro, pois mostrou muita inexperiência no citar e na maneira como estava em praça. Por um lado percebo o seu medo, pois além de ser uma praça de respeito, o touro era grande e sério. Não critico o facto de alguns forcados mostrarem medo, pois eu também o fiz muitas vezes e à conta disso, montei boas barracas, que deixaram o nome do Grupo de Santarém mal visto. O que penso que é importante, é que cada forcado deve dar o máximo de si, até aguentar, mas quando vê que já não dá mais, deve sair a fim de evitar que o cabo conte com ele como um forcado que está por tudo, mas no final de contas, não está. Nem todos os forcados têm que pegar 50 touros e andar 20 anos no grupo. Cada um dá o que dá, desde que seja o seu máximo. O grupo de Évora fez três boas pegas à primeira tentativa, tendo a primeira, do Cabo Bernardo Patinhas, sido gentilmente brindada ao Grupo de Santarém. No geral os touros saíram bem e estavam bem apresentados. No fim da corrida fui ter com o Grupo à casa da Tia Bindes, onde estava a rapaziada a desfardar-se e onde acabámos por jantar, pois como no dia seguinte o Grupo ia pegar ao Montijo, o Diogo decidiu não fazer um jantar a sério. Gostei de ver a rapaziada mais velha de Évora lá em casa da Tia, mas ainda assim, é com alguma tristeza que vejo o nosso Grupo com poucos forcados antigos, poucos a quererem entrar para o Grupo e poucas namoradas e amigas a acompanhá-los. Lembro-me bem dos jantares em que o Restaurante se enchia de gente, com forcados antigos, com as mulheres, os filhos, namoradas e raparigas novas que faziam gosto em ir às corridas e aos jantares do GFAS. Em quase todos os jantares havia muitos discursos de gente nova que pela primeira vez estava connosco. Tenho pena e acho que é inadmissível, que um Grupo com 95 anos de história, pelo qual passaram centenas de forcados de todo o País, tenha a companhia de tão poucos antigos forcados, nas suas corridas e jantares. Contra mim falo, pois eu também raramente vou a corridas, jantares e treinos. Mas penso que vamos sempre a tempos de nos redimirmos e de começar a acompanhar o Grupo que tantos momentos bons nos deu e acompanhar aqueles que lá andam e de quem gostamos. Principalmente para Cabo, deve ser muito ingrato, ter que gerir um grupo maioritariamente constituído por malta nova e onde raramente vê uma cara mais antiga para o apoiar. Faço daqui um apelo a todos os da minha idade e mais velhos, para que dentro das possibilidades de cada um, faça um esforço para acompanhar mais o nosso grupo tanto nos treinos como nas corridas e nos jantares. Hoje em dia nem sequer temos a desculpa de não sabermos o calendário das corridas e dos treinos, pois vem tudo no site do Grupo. Penso que também será um pouco por esse motivo que o Grupo tem tido menor interesse por parte da malta nova, para passarem a ir aos treinos e tentarem fazer parte do nosso Grupo. É óbvio que só faz falta quem está e não queremos um Grupo que esteja na moda e por esse motivo ande cheio de gente atrás. O interesse pelo Grupo, tem que ser pelo seu prestígio e antiguidade, mas o certo é que temos de ir mais e levar mais gente nova. Sobrinhos, filhos, amigos, etc… Na minha opinião, temos todos que dar mais vida ao nosso Grupo e dessa forma ajudar o Diogo Sepúlveda. Queira Deus que pelo menos da minha parte isto não seja só conversa e que eu consiga realmente acompanhar mais o nosso Grupo, e o mesmo espero de todos os que lerem este artigo. Grande abraço a todos e sorte. Luís Assis |