E quando dava a sensação de que foi há dois dias que acabou a última época… eis que começa em força a época 2011! Tal como nos últimos anos, a estreia foi na Monumental de Santarém, com uma corrida integrada nas Festas de São José, padroeiro da cidade. O Grupo fardou-se em casa do Gonçalo Veloso, que fica a dois passos da Celestino Graça, e que tem sido o nosso “quartel-general” nos últimos tempos. O cartel (na imagem do lado direito) tinha diversos motivos de interesse, e assim se explicam quase ¾ de assistência na praça. Os toiros de Couto Fornilhos, heterogéneos mas bem apresentados, acusaram os seguintes pesos: 545, 465, 525, 575, 565 e 580 kg. O primeiro da tarde, e também da época de 2011, foi pegado pelo nosso Cabo Diogo Sepúlveda, que pela primeira vez punha um barrete desde a Festa dos 95 anos, em Junho do ano passado. Um regresso que muito alegra todos os elementos do Grupo e que foi saudado de forma especial pelo público presente. Um comentário (pessoal) a este regresso: penso que a forma como o Diogo, com uma lesão muito complicada no ombro, se tratou a 100%, a tempo e horas para o início da época, e sem que isso interferisse na sua vida profissional e familiar, devia ser para todos um exemplo. A pega em si, na minha opinião, foi também um exemplo de como se devem marcar os tempos da pega de caras. Depois de brindar ao público, e de um cite calmo e toureiro, o carregar foi decidido, provocando uma investida larga e alegre do toiro. Tendo o toiro arrancado de muito longe, o Diogo aguentou muito tempo nos mesmos terrenos para só depois recuar a distância suficiente para retirar alguma da violência da reunião. Fechou-se à córnea, como é seu apanágio, e depois de alguns derrotes e uma bela ajuda do Pedro Féria, o toiro afocinhou e deu uma meia cambalhota que o Grupo soube resolver sem problemas. Estava oficialmente inaugurada a época 2011 do GFAS, e logo com esta limpeza! O terceiro da tarde foi pegado pelo jovem-mas-veterano António Grave de Jesus, habitué das lides escalabitanas, e que brindou aos Presidentes de Câmara de Santarém e Azambuja. Infelizmente, penso que o António não se entendeu totalmente com a investida ingrata do toiro, e isso reflectiu-se na má reunião das duas primeiras tentativas - o toiro vinha a menos e acabava por pôr a cabeça de lado, não permitindo que o António se fechasse em condições. À terceira tentativa, com uma senhora ajuda de um tal de Nélson Ramalho, a pega foi consumada com eficácia. Pese embora a sua desilusão de não começar de pé direito, ninguém duvida que o António vai partir para uma das suas grandes épocas, ele que se tem mostrado um forcado insubstituível ao longo de quase 10 anos! Para o 5.º toiro da tarde, o Diogo reservou uma meia-surpresa, decidindo-se pelo Ricardo Francisco, mais conhecido no Grupo por “Amigo”, e que tinha aqui a sua grande oportunidade numa praça de primeira, e logo em Santarém. O Ricardo chegou ao GFAS há cerca de 2 anos, tendo pegado já alguns toiros na época passada, e dando sempre boas indicações. Acima de tudo, tem mostrado sempre uma grande humildade e dedicação, pelo que foi com naturalidade que as pessoas mais próximas da actualidade do Grupo viram esta oportunidade chegar. Infelizmente, as coisas não correram como o Ricardo e o Grupo queriam. Depois de brindar à nossa querida Madrinha (omnipresente como sempre, obrigado Tia Bindes!), o Ricardo não conseguiu esconder o nervosismo típico de quem se estreia em dia de compromisso. Nas duas primeiras tentativas, nunca conseguiu reunir, e parece-me que lhe faltou mandar mais na investida de um toiro que tinha algum “génio”, e onde os momentos da pega tinham de ser bem marcados. Na 3.ª tentativa, pelo contrário, reuniu melhor e aguentou uma viagem mais longa, que ainda assim não permitiu que a pega se consumasse, tendo sido “cuspido” pelo Couto Fornilhos já perto dos terceiros ajudas. Em consequência, ficou bastante maltratado, e sem condições de continuar. Vários forcados se ofereceram para a dobra, mas foi o Francisco Gameiro jr. (forcado de 3.ª geração, neto de Luís Freire Gameiro e filho de Francisco Gameiro) que acabou por pegar o toiro. Mostrou toda a garra e atitude que se esperam dele, e que o público sentiu no momento em que entrou em praça. Com uma bela ajuda do Francisco Lorga e restante grupo, a pega foi consumada rapidamente e sem complicações. Parabéns Francisco, porque prevejo que a tua foi a primeira de muitas pegas que farás na nossa praça. O Grupo de Alcochete, que connosco alternou nesta tarde, pegou os seus toiros à 1.ª, 4.ª e 1.ª, respectivamente por Ruben Duarte, Nuno Santana e pelo Cabo Vasco Pinto, tendo este último, pela espectacularidade e dificuldade da sua pega, sido muito justamente ovacionado pelo público. Embora sem qualquer dramatismo, ninguém no Grupo ficou satisfeito com o resultado artístico da estreia em 2011. Seria até mau sinal se assim fosse, tal o nível máximo de exigência vigente no Grupo de Santarém, herança de quase 96 anos ininterruptos de pegas que ostentamos com orgulho. No entanto, e talvez por isso mesmo, o sentimento geral era de confiança de que esta será mais uma grande época para o GFAS! O jantar, no Jardim dos Frangos, foi óptimo, e tivemos a sorte de contar com a presença de Forcados com a tarimba de José Carrilho, Pedro Graciosa, Nuno Varandas, Nuno Sepúlveda e JP Seixas Luís, e ainda – na mesa do Mestre David Romão… – uma turma inteira de alunas da Faculdade de Veterinária de Lisboa que abrilhantou ainda mais a noite. A próxima corrida também terá lugar em Santarém, no próximo dia 10 de Abril (Domingo), num Festival de homenagem ao antigo bandarilheiro Joaquim Gonçalves. Um abraço a todos, Peu Torres |