Santarém, 10 de Abril de 2011
Foi na casa do nosso querido amigo/a Pedro Féria e Teresa Féria que nos fardámos. E como é apanágio da Família Féria receberam nos principescamente, muito bem secundados pela Teresinha Santa Marta. Em nome do G.F.A.S. um Muito Obrigado pela disponibilidade, simpatia e o gosto em receber o nosso Grupo. De salientar, entre vários Pitéus, as quiches ao jantar com especial destaque para a quiche de espinafres, estava divinal, feita com muito carinho pelo Mestre “FÉRIAS”. Em relação ao Festival propriamente dito, resolvi “partir” esta crónica em três pontos: 1. Homenageado 2. O Festival 3. G.F.A.S. Antes e o Depois 1. Homenageado: O G.F.A.S. marcava presença na homenagem de mais um grande Homem da nossa Tauromaquia, o antigo Bandarilheiro e Director de Corridas, Joaquim Gonçalves. Apesar de nunca ter privado com este senhor, conhecia um pouco da sua história, mas mesmo assim senti necessidade de pesquisar e grande curiosidade em saber mais. Resumidamente, constatei que era um "bon vivant", amigo do seu amigo, amante das tradições, exímio cantador de fado, homem divertido e de fino trato. Deixa saudades em todos os que com ele conviveram e o conheceram de perto.
Joaquim Manuel Gonçalves Costa, de seu nome completo, tinha 77 anos. Era natural de Marvila, Santarém, onde nasceu a 3 de Março de 1932. Apresentou-se pela primeira vez em praça em 1 de Novembro de 1957 no Cartaxo e tomou a alternativa em Tomar a 16 de Julho de 1966. Foi um bandarilheiro valoroso e ultimamente exercia as funções de director de corrida, tendo há dois anos protagonizado um caso polémico: por ter dado uns capotazos a uma vaca num festejo na Monumental de Santarém, foi suspenso de funções pela Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC). Joaquim Gonçalves toureou ao serviço dos cavaleiros de cuja quadrilha fez parte, como foram os casos de Gustavo Zenkl, Carlos Empis e Joaquim Bastinhas, para além dos matadores de toiros espanhóis, que, então, se apresentavam na nossa praça, em corridas organizadas por D. Deodoro Canorea, por Celestino Graça e pelas Comissões Organizadoras de Corridas de Toiros, nomeadas pela Santa Casa de Misericórdia de Santarém e de que, entre outros, fizeram parte Celso dos Santos, Edgar Gargalo Nunes, José Dias Tinoca, Carlos Empis, Vítor Baeta da Graça, e Eduardo Leonardo. Bem haja em sua memória. 2. O Festival: A organização do festival esteve a cargo da “Escola de Toureio Joaquim Gonçalves” e contou com a participação dos cavaleiros Manuel Jorge de Oliveira, Ana Batista, Francisco Zenkl, João Salgueiro da Costa, bem como o matador Luis Procuna e o novilheiro João Augusto Moura. As pegas estiveram a cargo dos Amadores de Santarém e de um Grupo de Amigos de Joaquim Gonçalves, perante sete touros de Prudêncio, Infante da Câmara, Rio Frio, Pinto Barreiros e Ruy Gonçalves, já os touros para a lide a pé pertenceram a Dias Coutinho e João Moura. Foi uma tarde tranquila para o nosso grupo. O nosso cabo (neste caso o Pedro Féria) mandou para a cara do Prudência o nosso “Pauleta”, vindo de lesão, tinha pela frente um toiro para confiar, pegou à primeira tentativa. O toiro metia bem a cara, consentia o forcado, não tinha muito peso, mais parecia um novilho, reunidas todas as condições para ele desfrutar e fazer as coisas bem feitas. O que veio a acontecer, espero que o João Brito nos brinde com grandes pegas esta época, pois condições de as fazer tem ele. Gostei de ver o Manuel Lopo a dar primeiras, que siga nesta linha à medida que os toiros vão subindo de peso.
Para o segundo toiro o Diogo Sepúlveda (na voz do Pedro Féria) chamou o nosso “ão” que era “inho”, o António Imaginário que na época passada esteve em grande plano com pegas de grande valentia mas que foram ao “cabedal”. Teve outro toiro para confiar e acho que ele também se sentiu bem e desfrutou, tal como o João Brito, é um forcado que se espera muito. O José Fialho deu primeira ajuda ao António e precipitou se muito, um disparate, mas a falta de calma e experiência tem destas coisas, tenho a certeza que vais corrigir. Vejo no José vontade de ajudar e só por isso já é um bom princípio, por exemplo, na última corrida em Santarém aquando da “lesão” do Manuel Quintela foi o primeiro a saltar para tomar o lugar no Grupo e substituir o colega. Mas tens que pensar e perceber que estás no Grupo de Santarém e que se pegam toiros com vantagens, o ajuda tem que ser omnipresente. Contudo foi um Festival bastante agradável e que serviu para rodar e confiar forcados, uns que vinham de lesões e outros mais novos.
3. G.F.A.S. Antes e o Depois:
Neste ponto não pretendo dar lições de moral, mas sim falar daquilo que me vai na alma. A passada corrida em Santarém de 20 de Março 2011, ainda não me saiu da cabeça, tal não foi o sentimento de vergonha que senti quando sai da Celestino Graça. Vergonha perante o público, vergonha pelos antigos forcados que nos foram ver e que certamente não foi aquilo que nos passam de geração em geração, mas sobretudo um mau estar dentro de mim… O que retirei desta corrida é que não quero voltar a passar pelo mesmo. Temos grandes desafios esta época, o nosso Grupo, o nosso cabo Diogo, merecem toda a nossa entrega, disponibilidade e valor para os enfrentar. Eu já estou a pensar nas próximas corridas, preparando me fisicamente e sobretudo psicologicamente para enfrentar estes desafios. Não se esqueçam que os Canas Vigoroux no ano passado em Abiúl nos passaram alguns dissabores, com muitos forcados a saírem lesionados com gravidade, onde não se pegou bem e também se ajudou ainda pior. Agora vamos pegar Vigoroux a Vila Franca (8 de Maio 2011) e temos que inverter os papéis, mostrar garra para que possamos sair de cabeça erguida, os nossos se orgulhem de nós e que tenhamos o reconhecimento do público. Para já temos a Corrida em São Manços, 24 de Abril 2011 (Domingo de Páscoa), onde pegamos três Passanhas. Nos últimos anos em São Manços temos encontrado toiros grandes, o que não é sinónimo de bravura, mas à que estar bem com eles e eu desde já me ofereço para pegar um Passanha, se o nosso Cabo Diogo assim o entender terei muito gosto.
Aos mais novos, que se preparem muito bem (física e mentalmente), não queiram apenas ser, mas sim fazer parte da Grande História do G.F.A.S., seja a pegar ou a ajudar. Peçam conselhos, vejam filmes, falem com os mais velhos, aprendam, pensem e interiorizem como devem estar em praça, que cada passo que dão não pode ser em vão. Um dia mais tarde são vocês mesmos a passar estas experiências. Aos mais velhos, que ensinem, que transmitam calma aos mais novos, que ajudem a formar e sobretudo que assumam o estatuto quando “dói”, dando o exemplo. Não ser apenas mais velho e pronto, é preciso dar o exemplo e os mais novos se revejam em nós… Aos antigos forcados, que nos brindem com a sua presença e os seus ensinamentos. Aos amigos/as, namoradas ou esposas, que nos apoiem nos momentos difíceis.
Pelo Grupo de Santarém…
Venha Vinho! Venha Vinho! Venha Vinho! Um grande abraço, Nelson Ramalho
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