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Tavira, 30-07-2011

Uma digressão (do latim digressĭo, -ōnis) é o efeito de romper a continuidade de um discurso com uma mudança de tema intencionada.

Digressão é definida da seguinte forma: Desvio de rumo ou de assunto, Excursão, passeio, Subterfúgio, evasiva.

Definição que conheço de Digressão que aprendi no grupo de Santarém: Acto de ir pegar uma corrida num raio superior a 250 km de Santarém, com o objectivo de dignificar o GFAS em terras longínquas, pegando em praça os toiros que houverem para pegar com distinção e como nos ensinaram, deixando fora de praça com a mesma distinção a mística do GFAS na população local, experimentando sempre no final o pequeno almoço nas melhores pastelarias ou no Mercado abastecedor da região.

Alguns mais radicais defendem que desta definição de digressão faz parte a regra de não levar mulheres ou namoradas. Deixei de concordar com esta regra desde que namoro com a minha mulher, depois do seu enorme desempenho nas recentes digressões a Monte Gordo e Olivença, ate ao pequeno-almoço, e ao assistir a mais e melhores desempenhos de algumas das mais valentes forcadas do nosso activo em Digressões. Nesta estavam a nossa enorme Madrinha Tia Bindes (como em quase todas), e as senhoras namoradas do Chico Gameiro, do Rui Cabral, do David Romão, do Lopo e do João Cabaço.

Não esquecendo algumas forcadas indefectíveis ausentes mas sempre presentes, como a Inês do Cabo e a Cláudia ?de borracha? Seixas Luís, as que estiveram representaram bem as ausentes.

Quanto a forcados retirados e amigos estavam o Chico Gameiro sempre presente a acompanhar os filhos, o Nico Mexia, o Ricardo e o João Cabaço, o Peidinha, o Kiko Sepúlveda, o tio Rui Cabral nosso ?Padrinho?, o Cavaleiro Tauromáquico Tomas Pinto e o futuro veterinário, cavaleiro desportivo, engenheiro de obras feitas, Rasquilhão.

Antes de passar as peripécias, uma palavra para a enorme e ao mesmo tempo simples recepção com que fomos presenteados. Grande charme e companhia dos anfitriões, Lanche extraordinário, banho num muito convidativo tanque rodeado de laranjeiras, convívio divertido e instrutivo com as historias contadas a volta da mesa do lanche, fardamenta e dormida no belíssimo monte algarvio casa do Professor Fernando Ortega e da sua família, Ilustre Professor do Instituto Superior de Agronomia, grande aficionado em geral e do Grupo de Santarém em particular, antigo professor do actual cabo, do António Grave Jesus, e de muitos outros antigos forcados e antigos alunos do ISA.

O filho do anfitrião Gonçalo Ortega e a mulher Rita Ortega também são amigos de muitos forcados do Grupo, também lá estavam com as filhas.

Grande recepção, já começa a fazer escola. Para o ano lá estarei outra vez.

Voltando a crónica, chegamos de Santarém directos para a praia dos Cabaços, também conhecida por praia verde. Os restantes fizeram cerimónia, eu fui almoçar a casa deles. Dois amigos e dois grandes exemplos de Homens e de forcados do GFAS, porque quem sempre tive admiração.

Da praia fomos ao sorteio, e do sorteio para casa do Professor Ortega fardarmo-nos. Tive a sorte de ser escolhido para me fardar para matar saudades, e fomos para a praça ao som de foo fighters no carro do Pauleta.

A corrida foi séria, 6 toiros bem pesados na manhã do mesmo dia, numa média superior a 500kg, a pedir coragem aos cavaleiros para entrarem em terrenos apertados, bem o Luís Rouxinol nos dois toiros, mal o Marco José, o Brito Paes nem bem nem mal, antes pelo contrário...

João Grave muito bem com o 1º toiro com +- 450 kg e pouca cara, forcado com uma presença, uma noção do que ia a fazer e um entendimento do toiro que não é normal ver num forcado com a sua pouca experiencia. Boa 1 do Fialhão, 2ºs do Quintelão e do Carrilhão, eu nas 3ºs com o Lopo e o Jimba a começar a aquecer, o rabejador Ribamar junior bem, com o toiro a derrotar na reunião e parando se, obrigando o grupo a correr para ajudar o cara.

Ao segundo toiro foi o Gameiro mais novo depois de um brinde sentido ao irmão, toiro com pouca cara e a córnea muito fechada, entrando pelo grupo a empurrar. Algum excesso de ímpeto no carregar com o toiro já a andar descompondo se, contudo a raça do forcado resolveu a contenda, mantendo se na cara do toiro a custa do seu braço direito, de uma primeira oportuna do Quintelão a compor o forcado na cara do toiro, e de boa entrada dos 2ºs Bernardo e Fialhão. O restante grupo outra vez bem.

O João Torres foi ao 3º da noite, o mais sério e o maior da corrida, com 550 kg, reservado, cara igualmente curta e muito fechada. O João andou para o toiro como só ele. Decidido, levando o toiro ao engano com convicção e uma reunião perfeita, toiro a entrar pelo grupo com pata e com a cara baixa, muito difícil de ajudar. Difícil para o 1º ajuda Carrilhão, muito bem o Manuel Lopo nas segundas. O João Torres chegou á trincheira e exclamou ofegante: ?estes é que dão pica!!?

Ao quarto toiro foi o consagrado António Grave, toiro também com mais de 500 kg, mais um com cara pequena e fechada, problema menor perante a experiencia á frente do toiro e reunião perfeita do António, com o toiro a entrar com a cara alta pelo grupo, ajudado por todos de frente como mandam as regras neste tipo de toiro. Carrilho bem nas 1, eu e o Quintelao nas segundas muita fortes, todo o grupo a fechar nas tábuas com o mestre David Romão a rabejar. Tudo impecável. Que saudades.

Ao Quinto toiro veio o momento mais emocionante da noite. Pega do Gameiro mais velho, tudo bem feito no cite, no recuar, na reunião e nas ajudas, com destaque para mais uma boa primeira do Fialhão. O toiro embate nas tábuas com o grupo todo fechado, e no momento seguinte a embater nas tábuas volta para trás, deixa todos os ajudas entalados do outro lado, e despejando o Fialhão. Aí o Gameiro agarrou se com alma, percorreu toda a praça sozinho com o toiro e com o rabejador, sendo vencido por um último derrote já perto das tábuas do lado contrário. Depois de violentamente colhido, indo uns metros ao ar e aterrando como pode, o que viria a resultar em fissuras em três vértebras e num voucher com pensão completa para uma semana de hospital, o forcado levanta se cheio de alma, ainda quente e como se nada lhe tivesse acontecido, tropeça na 2º tentativa e consuma á terceira com garra. Praça de pé a ovacioná-lo, obrigando a dar uma volta que por brio nao queria dar. Ah ganda gameiro. Assim vais pegar muitos mais seguramente. Depois de te pores bom das costas. As melhoras para ti.

Ao ultimo toiro foi o Jorginho, ajudado pelo Lopo jr nas primeiras, fazendo quase tudo bem feito mas faltando lhe destreza na 1º tentativa para não sair da cara do toiro. Na segunda tudo bem feito, pega fácil para um pequeno grande forcado como o Jorginho.

Em suma, mais uma actuação à Grupo de Santarém. 6 toiros toureados, nem um carregado mais que uma vez, nem uma ?quarta ajuda?, nem um bandarilheiro a compor, nem um passo atrás. Vamos embora GFAS a preparar a próxima actuação para ser ainda melhor que as últimas.

Jantar animado pelos cânticos da canalha, pela habilidade do Jorginho na máquina de tosquiar herdada do ?Barbeiro de Sevilha? do GFAS (Peu jr), e pela presença dos amigos, namoradas, e dos forcados retirados já referidos.

Por fim o pequeno almoço, ao nível dos melhores que me lembro, e participei de alguns. Com a amizade que sentem uns pelos outros, com a vontade genuína que têm de defender o GFAS fora de praça, e com a grande capacidade que têm demonstrado para pegar toiros, a actual geração de forcados vai levar o grupo aos 100 anos, pronto para mais 100.

Agradeço por fim às simpáticas senhoras da pastelaria Eugénio em Tavira, e aos locais Chico 9, Guilherme e aos outros dois de quem não me lembro do nome, nomeados Tavirões pela valentia a beber médias e aficción demonstrada, que tão bem nos receberam na sua terra.

Aqui ficam as palavras de ordem e cânticos da geração dos 100 anos, e as melhores imagens da digressão.

Grande abraço para todos, até à próxima corrida.

Pedro Seabra

Cânticos da digressão de Tavira:

1. Fim de semana, cabo calhandra aguenta a pressão;
2. O Jardim o Rui Cabral;
3 Feria és o Nosso Sargento;
4 David nasceste sentado e és pupilo do Cachado;
5. João Torres, vens de Vale de Moura, e a pegar pareces uma retroescavadora;
6. João Goes, vens da Ponte Sôr e a pegar pareces um tractor;:
7. Chiquinho Império, vens de Almeirim, e a ajudar pareces um saguim;
8. Veio dos Açores um forcado do Futuro.

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