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"Forcado", um poema dedicado ao GFAS há mais de 60 anos

 

"FORCADO"

Ei-lo que surge garrido
Na jaqueta de ramagem
Barrete verde atrevido
A transbordar de coragem

A calça
É justa
E realça
O belo porte do andar!
Majestoso
Vagaroso
Que nem de leve se assusta
Ao ver o toiro avançar

Meia branca rendilhada
Esticadinha a primor,
Oferta da namorada
Que lhe deu seu amor.

A cinta viva, escarlate,
Da cor rubra das papoilas
É inveja das moçoilas
Descoradas de tez mate.

E a camisa muito branca
Sobre esta cor tão garrida
Dá um contraste que encanta
Mesmo a alma insensitiva

E a gravatinha vermelha
A irritar a estreiteza,
Traz em si qualquer centelha
De genica Portuguesa!

Reparai nele a correr de sapatão amarelo,
É ágil, leve a valer
Que é um regalo de vê-lo!

E a bravura?
E a afoiteza?
Nisso nem é bom falar.
Há nele tanta e tamanha
Que é da gente se assustar!

Até o povo se espanta
Ao ver tal coragem tanta
Sem nunca mais acabar!

Tão grande força e destreza
Foi um legado
Risonho
Afortunado
E medonho
Da velha grei portuguesa
Que se aventurou ao mar!

Mas a par desta rudeza
De forte acção varonil
Tem no amor a subtileza
Que envergonha o mais gentil!

Tem mil requintes de graça
Seu proceder amoroso,
Tem génio, alma a valer
Seu conquistar presunçoso…
Ai de quem frente lhe faça
Que fica sempre a perder

Com tamanha ramalhete
De virtudes variadas
Ele é mesmo o galhardete
E resplendor das touradas

Porque a ardência febril da nossa raça
Só treme…quando o forcado desce à praça!

Ao Forcado Amador de Santarém

Maria Manuela Alves
Figueira da Foz, 1946

 

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