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Vinhais: 2 crónicas 2

Nota do site: Como é do conhecimento geral, houve uma corrida há cerca de um mês na localidade de Vinhais... De lá para cá, a "redacção" do site tem andado distraída com o sol de S. Martinho e, como resultado, ficámos sem crónica deste festejo marcante da temporada. Hoje, o site vem redimir-se dessa falha, e logo com uma dose dupla: duas crónicas, duas visões distintas, de dois Forcados retirados do GFAS: António Narciso e Tancredo Pedroso (filho). 

 

  • Reminiscências nortenhas

11 de Agosto de 2012
Praça de toiros de Vinhais
5 novilhos de Canas de Vigouroux
Sónia Matias
Filipes Gonçalves
Grupo de Forcados Amadores de Santarém

Aqui há dias ligou-me o Cabo Diogo:
- Tio lembra-se da corrida de Vinhais?
- Calculo que sei o que pretendes, mas não me lembro nada muito bem!
- Vá láaa… se precisar eu ajudo-o a lembrar-se e sempre há a hipótese do vídeo!
- Prooonto, há-de ser o que calhar!
 
Bom, o diálogo foi mais ou menos este e em minha defesa alego que não me lembro muito bem devido a válidas razões que me assistem:

- No tempo (há muito mais de um mês).
- Na forma (não estava nada há espera, portanto, atenção desadequada).
- Na espécie (corrida nocturna, com as inerentes dificuldades depois de um dia a confraternizar em Vinhais!).

Assim, aqui vai o relato possível que não é propriamente uma crónica:

10.00 h - Encontro com a tripulação, constituída pelo compadre-co-piloto Gonçalo Sepúlveda, pelo Jorge Mendes e seu filho Duarte, no Manel Careca ou no café do Luís, como preferirem, em S. Martinho do Porto.
10.01 h -Primeiras discussões quanto ao caminho a levar.
10.45 h – Engano na rota (claro!), vamos “pra lante”, que hoje em dia se não vais na IP 3, vais na IP 68 que vai dar ao mesmo (e a gente a pagar! – mas lá que é cómodo é!)
 10.45 h – até Vinhais, hora de almoço – agradável viagem lembrando velhos tempos:  - Olha Mirandela! Ó Calhandra e quando em 1975 nos fardámos em Macedo de Cavaleiros e a caminho da corrida em Mirandela a estrada estava cortada por árvores enormes por causa de um tornado?   - Pois foi, tivemos que ir á boleia!
A assistência, Jorge e Duarte, devia estar embevecida!

Bem, deixemo-nos de lamechices, óptimo e barato almoço já com o grupo, seguido de tarde no bar das piscinas, o reencontro com os temporariamente retornados Tancredinho e Filipe Falcão, jantar com o indefectível Alexandre Lourenço Marques seguido da toirada:

Luís Sepúlveda – novilho sonso, a passo, dava uns derrotes chatos, Luís também sonso, mas melhorando a cada tentativa, pegou à 4ª, com o novilho a tirar a cabeça e a tentar despejar. Pareceu-me em crise de confiança, já o vimos bastante bem, há que confiar, talvez mais cuidadinho com o físico e voltará seguramente ao normal.
Rúben Giovety – Citou bem, novilho agarrado às tábuas, penso que poderia mandá-lo afastar das mesmas um par de metros, reunião assim-assim mas o novilho investiu muito baixo, o qual com mais um ano poderia ter sido diferente para pior, fechou-se bem.
José Carrilho – Boa reunião mas saiu com facilidade. Na 2ª foi para resolver, boa reunião, fechou-se a preceito. O Zé tem todas as desculpas pois era a primeira vez que pegava (ai os nervos, lembram-se, velhadas?) Na minha modesta opinião será em breve uma promessa confirmada.
Ricardo Francisco – brindou aos dois emigrantes, quiçá um pouco anestesiados, que se encontravam bem perto do bar da praça acompanhados por Alexandre Albergaria e António Narciso (que coincidência!). O Ricardo esteve bem em pega sem problemas.
O grupo ajudou bem em todas as tentativas.
Houve um toiro que devido a lesão não foi obviamente pegado.

Na parte da cavalaria o duelo foi arrasador como calculam, com o público, penso que essencialmente emigrantes (dos antigos) muito animados e hospitaleiros a receberem no seu excelente tauródromo.

Corrida óptima para ir rodando juventude, o que é tão importante pois sem se pegar com alguma regularidade é impossível chegar onde quer que seja. Uma palavra para o Moura Tavares Júnior que rabejou os quatro a contento, assim como rabejou todos os de amanhã em Ponte de Lima, avinhando(-se) o futuro.

A seguir à corrida foi tomar banho e pôr a andar já que haviam 200 e tal Kms pra fazer até Ponte de Lima, salvo a nossa tripulação, menos o Duarte que seguiu com o grupo, pois ficámos na agradável companhia do Trepa a pernoitar ali mesmo (numa estalagem, não na praça!) para no dia seguinte ir-mos em turismo por terras da Galiza e de Lindoso numa bonita jornada ao encontro do Francisco Pereira Coutinho (Paço Bitorino) que foi o excelentíssimo anfitrião do costume!

Não quero deixar de enaltecer o bom ambiente vivido sempre que nos juntamos e agradecer especialmente ao Jorge Mendes o tão bom tripulante que foi e desejar uma boa estadia na Metrópole ao Tancredo e Filipe.

António Narciso

 

  • O GFAS, até “atrás dos montes” pega!

Vinhais é uma vila portuguesa, pertencente ao Distrito de Bragança, Região Norte e sub-região do Alto Trás-os-Montes, com cerca de 2 200 habitantes. O município é limitado a norte e oeste pela Espanha, a leste pelo município de Bragança, a sul por Macedo de Cavaleiros e Mirandela e a oeste por Valpaços e Chaves.
A ocupação humana deste território data de tempos ancestrais, tal como se pode verificar pelos inúmeros vestígios arqueológicos que se podem encontrar nesta região: inscrições rupestres, edificações de tipo dolménico e fortificações castrejas. Esta antiguidade é reiterada pelo Abade de Miragaia:

O chão desta vila e desta paróquia foi ocupado desde tempos remotíssimos, como se infere da lenda ou história da igreja de S. Facundo, que a tradição diz ter sido fundada no tempo dos Godos. (...) Também por aqui se demoraram os Romanos, pois ao norte da vila, no monte da Vidueira, se encontraram em 1872 muitas moedas romanas bem conservadas (...).”

A corrida de toiros teve lugar na descrita vila no dia 11 de Agosto de 2012. A tarde começou com um tempo de descontracção e lazer no complexo desportivo da terra, onde ao chegar ao local me deparei com 3 equipas de 6/7 jogadores de volleyball que iam jogando em regime de roda-bota-fora. Se o engraçado mas, neste caso, menos importante, era o desporto há que realçar o facto de aproximadamente 70% dos “jogadores” serem jovens aspirantes a forcados, do GFAS, com menos de 21 anos. Se o Diogo tem estado empenhadíssimo em formar um grupo para o centenário, após essa primeira visão do campo de jogos e após ter passado o resto do fim-de-semana com o grupo, onde pegamos 2 corridas, tenho a convicção que este actual grupo pegará, pelo menos, ate à festa dos 105 anos.

Vinhais, praça de toiros, de alvenaria, mais a norte de Portugal, inaugurada em 2011, onde foram investidos 464.630 euros e com capacidade para 4.000 pessoas, apresentou uma casa bem composta, na sua grande maioria emigrantes, para receber o GFAS. Contribuíam também para a festa os cavaleiros Sónia Matias e Filipe Gonçalves e a ganaderia de Canas de Vigoroux.

O grupo em alguns momentos da noite, esteve melhor e, em outros, não tão eficaz. Mas, na minha opinião, o saldo é positivo. Rapaziada nova a pegar e a ajudar, experiência de um ajuda a pegar de caras e mais 2 ou 3 pormenores interessantes.

As pegas foram realizadas pelo Luís Sepúlveda, Ruben Giovetti, José carrilho e Ricardo Francisco à 3ª, 1ª, 2ª e 1ª tentativas respectivamente. Na minha opinião, o Luís acusou talvez a lesão chata do ombro que o tem acompanhado, o Carrilho teve calmo, para quem pegava pela primeira vez, e à segunda tentativa fez uma boa pega e o Ruben e Ricardo, bem a frente dos toiros mas com reuniões que poderiam ter comprometido a eficácia das pegas não fosse as duas boas primeiras ajudas que lhes foram dadas. De resto, o grupo esteve sempre bem a ajudar.

Os cavaleiros sem grande história mas com a capacidade de em alguns momentos aquecer o público de Trás-os-Montes. Os toiros, não sendo mansos, não se lhes podia pedir muito pois rapidamente se encostariam às tábuas…para as pegas, em nada dificultaram.

Particularidade:

O Falcão fazia anos e juntamente com o Cavaleiro e comigo arrancou, de directa de uma festa na Comporta, para Vinhais. Deixo o itinerário…J

 

Isto também é o Grupo de Santarém, mas no fim, ele, GFAS, dá-nos muito mais do que aquilo que nos lhe damos. Foi uma digressão que há muito não fazia e que me deu um prazer e satisfação muito grandes. Um obrigado grande, ao GFAS, que são vocês que lá andam agora, por estes momentos. Obrigado também pelo brinde que foi feito aos emigrantes Angolanos!!

Um abraço especial também aos antigos forcados e amigos do grupo que fizeram muitos kms para ver a rapaziada a dar o litro pela nossa jaqueta. Alexandre Lourenço Marques, Gonçalo Sepúlveda, António Narciso e Jorge Mendes.

Um pedido de desculpas pela demora na entrega da crítica mas foram 15 dias de correria em Portugal, sem computador e sem net, e agora, finalmente “em casa”, tive um tempinho para escrever.

Luanda, 1 de Setembro 2012

Um abraço e ate breve,

Tancredo Pedroso

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