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Uma justa e merecida homenagem

Um dia vi, na televisão, o Nuno Megre levar uma enorme tareia de um toiro, parecia de borracha, ia de maca, levantava-se e voltava ao toiro, fiquei fascinado com aquilo.

Mais fascinado fiquei, pouco tempo depois, quando o vi entrar em casa dos meus Pais, na Quinta do Valongo, eu era ainda miúdo, parei-me a olhar para ele como se tivesse visto o super-homem.

Passado poucos anos estava a seu lado a agarrar novilhas nas ferras do meu Pai e em casa do meu enorme e saudoso amigo tio Jerónimo Manzarra, também de Idanha-A-Nova.

Pouco tempo depois entrei para o GFAS e tive o privilégio de dar muitas 1ªs, 2ªs e 3ªs ajudas ao Nuno e de rabejar alguns toiros que pegou.

Digo privilégio porque foi mesmo um privilégio, quem alguma vez se fardou com o Nuno e participou nas suas pegas sabe bem o que quero dizer.

Quando nos apercebíamos que era o Nuno que ia ao toiro, desaparecia o medo, ganhávamos uma alma e uma força fora do normal.

E quando o público se apercebia disso?

O ambiente que se gerava era extraordinário e julgo que terá sido sempre assim, desde o seu debute (1969) até à sua última pega (1996).

 

Na sua última pega, em 1996, na corrida da despedida de Cabo do Carlos Grave, fui eu que lhe dei 1ª ajuda, antes de saltarmos a trincheira perguntei-lhe:

Nuno como é que quer?

E ele com aquele seu ar e sorriso muito próprio, perguntou:

Como é que quero o quê?

E eu:

Quer que ajude de largo ou mais curto?

E ele:

Óh pá, ajuda como quiseres…

E a verdade é que fez um pegão e eu mal lhe toquei, no final deu 2 voltas à praça.

 

 

O Nuno Megre, para mim, é o Eusébio dos Forcados.

 

 

Qualquer um deles seria extraordinário ontem, hoje e amanhã, são intemporais e inigualáveis.

E têm os dois o defeito de serem do Benfica…

 

A minha Mãe, adorava o Nuno Megre mas tinha o pavor de nós irmos para as corridas de carro com ele, pois tinha fama de ser acelera…

Ainda a estou a ouvir, em S. Martinho do Porto, comentar com as amigas:

“…Ficava mais descansada de saber que o meu filho ia pegar 6 toiros sozinho do que saber que anda de carro com o Nuno Megre…”

 

Enfim, fiz km e km com o Nuno e nunca houve qualquer problema, todas as viagens foram divertidíssimas e quando íamos com ele ainda chegávamos a S. Martinho do Porto a tempo de ir ao Green Hill.

 

Além de um enorme Forcadão, é um companheirão e um grande amigo.

Tanto se diverte com os da sua geração, como com os de todas as outras gerações.

Nunca vi ninguém faltar-lhe ao respeito.

E fico fascinado quando oiço alguém perguntar-lhe quantos toiros pegou e ele responde:

O que é que isso interessa?

 

É justa, muito justa e muito merecida esta homenagem que lhe vão fazer.

Todos temos que estar muito agradecidos ao Nuno Megre por tudo o que fez pelo GFAS e pela imagem do Forcado, pela sua entrega, disponibilidade e humildade, pelos seus ensinamentos, pelos grandes momentos de divertimento que nos proporcionou e pelas grandes pegas que fez.

 

Meu caro Nuno, agradeço-lhe publicamente todo o seu apoio e toda a ajuda que me deu enquanto fui Cabo do GFAS.

Vai voltar a pisar a arena do Campo Pequeno.

Tá com medo?

Não tenha, porque estaremos lá todos para o aplaudir e para lhe mostrar o quanto lhe estamos gratos por tudo.

 

Pelo Nuno Megre e pelo GFAS,

 

Venha vinho

Venha vinho

Venha vinho

 

Pedro Graciosa

25 de Setembro de 2012

Campo Pequeno, final dos anos 80

 

Caldas da Rainha, 1973

 

Santarém, 1975

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