Agradeço o gesto simpático do Diogo ao convidar-me quer para acompanhar o Grupo, quer para esta difícil tarefa de escrever para o site a crónica da corrida de Évora do passado Sábado dia 29. Um agradecimento também ao Rui Cabral e à Inês por nos receberem tão bem na sua linda casa. Não tenho ido a corridas e este ano foi apenas a segunda vez que vi o Grupo ao vivo. Aliás acho que só mesmo o nosso Grupo de Santarém ainda me leva aos toiros. Esta fase que o panorama tauromáquico atravessa também não tem contribuído muito, a maioria das corridas não me transmitem muita emoção, os toiros estão demasiado fabricados e maçadores, os cartéis enfadonhos e os grupos de forcados na maioria fazem coisas que não gosto de ver. Mas o público compra o bilhete. E aplaude. E isso desagrada-me. Por outro lado vejo o Grupo de Santarém com a habitual forma de estar. E isso deixa-me muito feliz. Vejo forcados a saberem honrar a jaqueta que também enverguei há uns anitos e que o meu Pai vestiu há largos anos. E isso é um grande motivo de orgulho. Estou tranquilo porque sei que por muitas voltas que isto dê, o Grupo vai manter e respeitar sempre os valores defendidos há já quase um século. Congratulo-me por ver o nosso grupo a pegar em Évora, coisa rara nos dias de hoje infelizmente, mas as prioridades dos empresários são outras. E lá está, o público compra o bilhete. E aplaude. E um grupo com 100 anos de história e que tanto contribuiu para a história da tauromaquia e da arte de pegar toiros em concreto, fica de fora na maioria das corridas de que era habitual presença. E isso desagrada-me. Foi uma noite muito agradável com um petisco antes da fardação em casa da Inês e do Rui Cabral, com a casa cheia de gente. Muita malta nova, para mim então a maioria são mesmo novos, porque já são poucas as caras conhecidas dos actuais. A praça estava composta, talvez meia casa forte para verem o João Salgueiro, Rui Fernandes e João Maria Branco a lidar 6 Passanhas. Os toiros, dentro dos 500Kg, cumpriram bastante bem e proporcionaram aos cavaleiros lides agradáveis, mas na minha opinião, sem grande emoção. Achei estes toiros descaracterizados de tipo e de comportamento dos Passanhas que eu conhecia. Podem estar mais perto do que os cavaleiros procuram para lidar, mas acho que o espetáculo tem a perder. Torna-se monótono e com pouca emoção, sem perigo. Gostei imenso de ver o Grupo em praça. O Diogo entregou muito bem os toiros. A abrir praça foi o António Imaginário e fez uma belíssima pega. Calmo, seguro, confiante. Bem colocado o toiro, falou bem, mandou e apesar de não reunir bem, enrolou-se na cara do toiro sem mais descolar, com vontade para não mais sair, aguentando alguns derrotes quando o toiro lá atrás fugiu um pouco ao grupo. Destaco a primeira ajuda do Rui Cabral que apesar de por momentos ter estado de costas para o toiro, nunca lhe perdeu o sítio e recuperou, conseguindo manter-se com o Jorginho até quase ao fim da pega estar concretizada. São muitos anos… Para o nosso segundo foi o Luís Sepúlveda. Grande pormenor quando fez questão que o toiro fosse colocado junto às tábuas, exatamente como queria. Isso mostra que o percebeu e que sabia como tinha de estar com ele. A seguir foi tudo bem feito, deu vantagens, falou e mandou, provocando uma boa investida, aguentando e recuando o suficiente para reunir em condições de se fechar bem, resultou numa pega muito bem conseguida e muito bem ajudada pelo 1ª Nélson e restante grupo. Para o 5º da noite foi o João Torres. Esteve também com muito boa presença em praça, mostrado a sua habitual determinação, com uma postura séria. Mas desta vez sem as precipitações que se lhe têm visto nos últimos toiros. Controlou-se e controlou. Resultou uma bonita e simples pega também muito bem ajudado pelo 1ª Manuel Lopo de Carvalho e restante grupo. Pegou também o Grupo de Évora, com uma presença muito correcta. O seu primeiro foi pegado à 2ª tentativa com o forcado da cara Ricardo Sousa a deixar uma boa imagem, parou-se na reunião o que fez com que esta fosse violenta e consequente despejo mas à 2ª corrigiu. O 4º toiro foi pegado pelo experiente Ricardo Casas Novas à primeira, tendo desfeito uma vez talvez por alguma precipitação num cite algo nervoso. O último da noite foi pegado à 1ª também por José Miguel Martins que esteve bastante bem, falou calmo com o toiro, mantendo-o fixo, carregando-o bem e concretizando uma pega muito correcta com o grupo a mostrar coesão nas ajudas. O jantar decorreu com óptimo ambiente, novamente em casa da Inês e do Rui Cabral, que receberam o Grupo de uma forma impecável. Gesto muito simpático que poupou o Grupo a despesas que se tiveram que direcionar ao tratamento de forcados lesionados. Mais uma vez um agradecimento a eles. Saí da praça com mais vontade de ir na Quinta-feira a Lisboa ver o Grupo na corrida que homenageia aquele que para mim foi, sem qualquer tipo de dúvida, o melhor forcado de todos os tempos. O incomparável, intocável, inalcançável e nosso Nuno Megre. Um grande abraço a todos! Pelo Grupo de Santarém rumo ao centenário Venha Vinho Venha Vinho Venha Vinho Manuel Murteira 1942, Eng.º António Murteira 1994, Manuel Murteira 2012, João Torres Vaz Freire |