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Recordações

Caríssimos amigos do G.F.A. de Santarém

Aceitei sem hesitar o convite do Diogo para acompanhar o Grupo na última corrida da temporada, mas quando já na praça me pediu para escrever estas linhas comecei a ficar preocupado, mais ainda quando me disse que a crónica tinha de ter título.

Acabei por escolher este, porque penso que foi o que muitos de nós mais fizeram nos últimos dias.

De facto, sem querer tirar importância à época que termina agora, este final de temporada acaba por ficar marcado, pela partida de dois grandes Amigos e antigos Forcados, o Sr. Eng.º Joaquim Grave e o Nuno Varandas, que apesar de serem completamente diferentes, viviam com igual entusiasmo e dedicação tudo o que se relacionava com o nosso Grupo.

Nestas alturas, acabamos por encontrar outros amigos, que por circunstâncias várias, vemos com menos frequência, e inevitavelmente acabamos a recordar episódios passados, muitos deles marcantes nas nossas vidas, sendo quase sempre o assunto, o Grupo de Santarém.

Do Sr. Eng.º Joaquim Grave, lembro por exemplo, com muita saudade, as épocas em que o Carlos nos convidava para as ferras, e ao serão, ficávamos calados a ouvir histórias de forcados, toiros e toureiros famosos, muitas delas passadas antes de termos nascido.

 Lembro também de pensar, com alguma “inveja”, confesso, qual seria o segredo, para conseguir ter todos os filhos homens, (infelizmente só conheci três), do mais valente que havia, e todos extraordinários forcados, situação que mais tarde se complicou, quando começaram a aparecer os netos, arriscando mesmo a previsão de que esta família não fica por aqui.

Afinal o segredo era simples e estava bem à vista, tinha tido ao longo da sua vida a ajuda da Tia Teresa, que neste período difícil, trocou o conforto da sua casa, para assistir à corrida em Salvaterra, numa tarde nada convidativa, dando, uma vez mais, um grande exemplo a todos.

Do Nuno, lembro também com saudade, a grande alegria e vontade de viver, sua imagem de marca, que até em momentos menos bons nos levantava a moral, tal era o entusiasmo com que festejava, até as coisas aparentemente mais simples.

Como nos fardámos pela primeira vez no mesmo dia, tive o prazer de acompanhar de perto a sua exemplar carreira de forcado, em que ao saltar a trincheira, se tornava sério, e pegava como tantas vezes vimos, com a valentia e a garra que lhe conhecíamos e que só esta maldita doença conseguiu vencer.

No que diz respeito à corrida, foram também muitos os momentos de recordação, desde o sorteio, à fardamenta e a todo o extraordinário ambiente vivido ao longo do dia, que mais uma vez agradeço.

Contrastando com o ambiente do Grupo, foi o ambiente vivido na corrida, num dia frio e sem público, onde nem os toiros ajudaram.

Primeiro pegou o João Grave, a quem faltou nitidamente toiro, para depois de tudo fazer bem, conseguir a pega com que de certeza, queria rematar o sentido brinde dirigido à sua Avó e à sua Mãe.

O 2º toiro pedia um pouco mais de atenção e talvez para que o Lopo e o Ricardo Tavares se fossem lembrando durante o defeso ainda tentou dar-lhes um aperto na primeira tentativa.

Na segunda tentativa o caso mudou de figura, e o Lopo agarrou-se ao toiro, com as mesmas ganas com que pescava bogas este Verão em São Martinho, sempre muito bem ajudado pelo Ricardo.

Para acabar a época com alguma emoção e perante um toiro que pouco iria acrescentar, decidiu o Luís Sepúlveda, dar um certo toque de artes marciais à pega, conseguindo emendar-se de uma acrobacia e concretizar a pega à primeira tentativa.

De destacar também a forma como mais uma vez, fomos recebidos pela família Lopo de Carvalho, acabando este dia tão bem passado, com um simpático e animado jantar onde ficámos inclusivamente a conhecer alguns dos sonhos do Manuel António.

Aproveito para dar ao Diogo e a todos os elementos do Grupo os meus parabéns pela época que fizeram, desejar uma próxima ainda melhor, e pedir para continuarem a manter este ambiente de que tanto gostamos.

Pelo Grupo de Santarém venha vinho!!!

Nota: Escrevi hoje sobre pegas, logo eu que nunca peguei nenhum toiro, espero no entanto que dentro em breve tenha também um sonho, dos do Manuel António, para me poder estrear.

Muito obrigado a todos pelo dia cheio de recordações que me proporcionaram, um grande abraço do vosso amigo.

 

António Vicente de Almeida (Espeta)

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