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Dureza inesperada

O Grupo de Santarém voltava a casa depois de três triunfos rotundos, daqueles que definem inequivocamente a qualidade e o momento que atravessa. Olhando a frio para os números da tarde de hoje, o que transparece é que foi uma actuação menos conseguida. Mas só para os menos "entendidos" ou mais distraídos é que esta afirmação é verdadeira, porque para todos os outros, que ainda eram muitos, cerca de meia casa, o filme foi outro bem distinto.

O primeiro toiro foi da ganadaria Vinhas, anunciado com 460kg e lidado por Joaquim Bastinhas. Toiro muito reservado que nunca rompeu nos capotes dos banderilheiros e que não deu opções de triunfo ao experiente cavaleiro de Elvas. Para a cara o nosso Cabo mandou o Luís Sepúlveda, forcado experiente e com muita praça, que se viu desfeiteado na primeira tentativa devido a uma investida pronta e pouco franca do toiro. Na segunda esteve lindamente, a marcar bem os tempos, e só não o pegou porque o ombro que o tem perseguido ao longo destes últimos anos o voltou a atraiçoar. Foi dobrado pelo "enorme " Jorginho que resolveu sem problemas ao primeiro intento, bem ajudado pelo Manel Lopo nas primeiras e pelo resto do grupo.  

O toiro Núncio lidado em terceiro lugar pela Cavaleira Sónia Matias pesou apenas 440Kg, mas curiosamente aparentava bem mais, talvez por estar bem rematado. Sem ser bravo serviu para que a Cavaleira andasse cómoda e "fácil" com ele. Durante toda lide escondeu e de que maneira o comportamento que viria a ter na pega do inexperiente Hugo Santana. Aposta natural do nosso cabo, num miúdo em que acredita, e que em nada o defraudou de certeza absoluta tal foi a valentia com que encarou esta oportunidade. Na primeira tentativa o toiro saiu sem ser mandado, numa arrancada de mau génio e que pura e simplesmente o atropelou. Na segunda, ao recuar o  Hugo tropeçou não se conseguindo fechar tendo-se lesionado com gravidade nas vértebras. Ainda assim fez uma terceira tentativa em que o toiro volta a meter a cara muito alta sem dar hipótese. Pegou à quarta com o toiro já noutros terrenos e com o Quintela e o grupo naturalmente mais carregado nas ajudas. Muitos parabéns e rápidas melhoras.

O quinto toiro, da ganadaria  de David Ribeiro Telles e que foi lidado pelo seu neto Manuel Telles Bastos, pesou 505Kg. Foi o toiro mais bem apresentado da corrida, toiro sério em trapio e comportamento. Para a cara foi o experiente forcado João Goes com o ainda mais experiente Nélson nas primeiras. E fez todo o sentido o Diogo ter apostado nesta dupla porque o que passou foram três rounds (tentativas) de "vale tudo". Incrível onde o toiro pôs a cara ao João nas três tentativas. Só um forcado com aquela alma conseguia pegar aquele toiro de caras. Grande pega.

Sei que o Diogo neste momento deve estar com um misto de emoções, porque se por um lado deve estar orgulhosíssimo do grupo, pelo outro a tristeza de ter perdido três forcados (que todos esperamos que melhorem depressa), agora que a época entra na fase mais critica. Mas mesmo com todas estas adversidades, de certeza que vai continuar a ser uma grande época para o nosso Grupo, porque o espírito que senti e vivi na trincheira em que os forcados literalmente se atropelavam para saltarem para a praça para fazer dobras demonstra o ambiente e a confiança que se vive neste momento.

Muitos parabéns Diogo e muito obrigado pelos convites para acompanhar o Grupo na trincheira e para escrever esta crónica que muito me honram.

Uma nota final para o Nuno Sepúlveda pela extraordinária recepção e pela companhia.

Praça de Toiros Celestino Graça. Menos de meia casa. Toiros de Herdeiros de Mário Vinhas(1º), Veiga Teixeira (2º, 4º e 6º), Branco Núncio(3º) e David Ribeiro Telles(5º). Grupo de Santarém, 3ª, 4ª e 3ª. Grupo do Aposento da Moita, 1ª, 2ª e 3ª. 

Bernardo Mira

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