No solarengo 16 de Agosto, e ao contrário do grupo, ainda me encontrava em Setúbal, depois da simpática recepção no Casalinho. As cinco corridas seguintes (Idanha, Nazaré, Amareleja, Abiul e Alcochete) falharam-me por um imperdoável lapso meu.
O meu marido muitas vezes diz que o que move o mundo é o amor, por isso mal acordei pus-me a caminho da Arruda, depois de buscar a melhor selecção de choco frito de Setúbal, para o grupo não ser recebido de qualquer maneira em minha casa.
Abrimos a porta da nossa casa, como se de um palácio se tratasse, couberam lá todos por milagre e muito boa vontade. Gostei de chegar ao fim da noite e ver a casa impecável, até o lixo foi levado!
No entanto, se alguma vez estiverem em casa de quem não conhecem e virem uma senhora....apresentem-se e falem-lhe, pois existe uma grande probabilidade dessa senhora ser a dona da casa.
Quanto à corrida, foi simpática e sem demoras desnecessárias. Sónia Matias dos três foi quem me chamou mais a atenção, Ana Batista não me pareceu estar no seu melhor e o Marcelo Mendes mandou muito fogo de artificio, despenteou o cavalo todo acabando com as fitas penduradas pelo corpo abaixo.
O primeiro touro era o mais bonito, visto das bancadas o forcado Lourenço Ribeiro mostrou ter sido uma pega fácil, não se largou.
No segundo touro foi o João Torres, hoje em dia mais encorpado do que quando entrou no grupo e com mais ar de gingão, fez a pega mais bonita da noite. Fez me lembrar as pegas do Diogo Palha, que eu também gostava muito de ver. Aos olhos duma leiga na matéria, achei que esteve bem à frente do touro, ele citava o touro e este olhava-o intimidado, parecia que estava com medo dele, em vez de ser o contrário.
O terceiro touro, foi pegado á segunda tentativa pelo A. Taurino. Nunca o tinha visto pegar, na praça ele transpareceu uma calma, respeito e humildade imensa à frente do touro.
No FUSO, o serviço não podia ter sido melhor, teve direito a uma salva de palmas final e vários novos clientes por aguentarem até às 7 da manhã sem uma cara feia, e perceberem naturalmente que estavam a lidar com um grupo que sabe estar até às 7 da manhã, divertido e sem exageros.
Não posso deixar de notar os Irmãos Metralha.....desculpem, Durões, que também estiveram na corrida e no jantar, juntamente com o seu primo Zé Roque, que fez um belo discurso no fim jantar. O P. Laranjeira também fez parte desta noite, faltou-lhe um cafezinho mas ganhou um cerveja geladinha mesmo ao fim da noite que o Cabo lhe deu. O Zé Real e o Afonso Nobre e o F. Empis também lá estavam para marcar a diferença. Eram os mais velhos, mas uma geração perto o suficiente para dobrarem os actuais, se assim fosse necessário.
Os discursos dos mais velhos resumiam a importância das digressões que unem os forcados, seja no lavarem as fardas todas as noites e irem a secá-las à janela do carro a caminho da próxima corrida, seja nos olhos inchados e esfoladelas que depois vão marcar pontos nas miúdas. É importante saberem estar e não falarem demais no óbvio, a diferença marca-se e passa-se pelo exemplo.
O antigo cabo Pedro Graciosa, também foi citado e relembrado, “se fores amigo não percas a oportunidade de ser muito amigo.”
A Madrinha, seguiu de perto o seu grupo até altas horas da madrugada seguidos por kms incontáveis até Évora.
Um grupo assim, só podia ter um cabo à altura de boa educação, charme e saber chamar a atenção quando é preciso e duma maneira simples mas eficaz. Com um exemplo destes como pessoa e forcado, não é preciso muitas palavras.
Como já disse no início, o mundo é movido pelo amor, por isso não se esqueçam das amigas em casa. Se o ambiente for sempre como este que eu presenciei, elas vão se sentir bem convosco e o grupo só ganha com isso.
Nos discursos, os mais importantes vêm no fim, por isso não posso deixar de falar no Pedro que conseguiu juntar sem qualquer esforço duas gerações que entre eles muitos não se conheciam e no jantar pareciam ser todos amigos duma vida inteira. O maestro da canalha, que rima como quem fala normalmente, lidera ensinando-lhes os truques para que eles próprios sejam os próximos maestros. Os seus fiéis, não se cortam e vão para além do maestro a dedicarem rimas ao próprio maestro, à sua mulher e aos mais velhos com uma pinta e boa educação digna de notar.
Meu marido e amigo Pedro, obrigado por me levares às corridas e aos jantares. Obrigado por perceberes também quando não deves ir e quando deves deixá-los ir sozinhos (coitadinhos) tomar o pequeno almoço. Principalmente obrigado por teres o cuidado e atenção de me tornares numa forcada do grupo de Santarém.
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