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Terra de Sonho, Terra de um Sonho

Arrisco a dizer que foi das digressões mais bonitas que tive o prazer de fazer com o meu querido Grupo. Quero agradecer em primeira mão ao nosso cabo João Grave o privilégio que me deu e ainda por cima brindado com uma senha de trincheira que tanto me orgulhou.

Que linda a terra de onde vem o nosso João Brito, Terra de Sonho, e que ao fim de 10 anos quando quase perdia a esperança eis que junta duas grandes paixões, o GFAS na sua Terceira, Terra de um Sonho. Por todos estes factores podemos imaginar a felicidade do João, todo ele era sorriso, todo ele era alegria, todo ele era emoção.

Muitas histórias ouvi das Sanjoaninas, muitas histórias ouvi da ilha verdejante, florida e das suas gentes, em tudo superou a minha expectativa. Um dos pontos altos da festa, sem dúvida, a noite de marchas de São João, desfile de dança, com trajes a rigor com muita alegria e cor. Tivemos a oportunidade de conhecer os sabores únicos da gastronomia local, com várias provas de vinho, que por azar fui encontrar uma garrafa com defeito no último jantar.

Uma das melhores surpresas que encontrei é a forma como tratam a Festa dos Toiros, dá gosto ver toda aquela envolvência, a importância que se dá ao evento, aos artistas, o cuidado na promoção do espectáculo. Vim com a certeza que ali será eterna, que não conseguirão abalar os alicerces da Festa Brava.

No dia 25-06-2016 chegávamos ao grande momento da digressão, Corrida de Concursos de Ganadarias nas Sanjoaninas. A Monumental Praça de Toiros da Ilha Terceira estava a rigor como não poderia deixar de ser. Os toiros anunciados eram de Juan Pedro Domecq, Murteira Grave, Rego Botelho, Casa Agrícola José Albino Fernandes, João Gaspar e Francisco Sousa, e foram lidados pelos cavaleiros Gilberto Filipe, o Açoriano Tiago Pamplona e Marcos Bastinhas, enquanto as pegas estiveram a cargo dos Grupos de Forcados Amadores de Santarém e da Tertúlia Tauromáquica Terceirense.

Antes de tentar falar de pegas, queria relembrar as vibrantes e incansáveis investidas de “Oceano”, sexto toiro da corrida, toiro de encaste Atanásio Fernandez, linha Lisardo de Francisco Sousa, procedente da ganadaria do Eng.º Ruy Gonçalves que fez com que a corrida terminasse com grande emoção.

A corrida foi muito interessante, pela diversidade de toiros apresentados, todos com as suas dificuldades e virtudes bem vincados, que deixaram os espectadores entregues ao que se ia passando na arena. Os toureiros entregaram-se, com especial destaque para o Marcos Bastinhas, que entrou com tudo, dando muita praça ao “Oceano”, conseguindo ferros muito vibrantes.
Os forcados da Tertúlia Tauromáquica Terceirense tiveram uma grande actuação, duas pegas limpinhas ao primeiro intento e uma outra à segunda, cheias de técnica e valor.

O nosso cabo tinha a primeira grande digressão, ainda por cima com uma corrida importantíssima, mas como parece que já nasceu cabo, esteve tranquilo na condução do nosso Grupo centenário.

O João entendeu dar o primeiro toiro, de Juan Pedro Domecq, a um Forcado em quem todos confiamos muito, o David Inácio, que se colocou bem no meio da praça, entrou nos terrenos do bonito Domec, tentou que este saísse com alegria depois de ter dado “sinal”, mas que só depois de insistir, veio, não muito alegre, pouco franco, fazendo o que durante a lide repetiu variadas vezes, metendo a cara alta nas suas investidas. A reunião não foi a melhor, mas abraçou-o com alma para não mais de lá sair, muito bem ajudado por todo o Grupo à primeira tentativa. O Mestre David Romão rematou a pega com a habitual classe dos “sentados”.

Para o 3º toiro foi o João Brito, a tão esperada pega, todos estávamos com ele. Bonito brinde ao mano Jorge, como tive o privilégio de o ajudar em alguns toiros e de ser seu amigo, percebi logo o quão nervoso estava. Não merecia aquele desfecho, nem volta de agradecimento conseguiu dar, foi pena. O toiro de Rego Botelho, de origem Jandilla, teve classe no cavalo, mas apresentou-se com excesso de peso, chegando muito desgastado à pega. Pedia um João mais concentrado, mas ia com o coração na boca e ninguém o pode levar a mal. Foi três vezes ao toiro e ficou com várias marcas pelo corpo. Fica-nos a dever, a nós e ao Jorge, um brinde e uma pega de “estalo” como nos habituou no Continente.

Saltou para pegar o 5º toiro o nosso cabo João Grave, se o vejo calmo a liderar, sinto-o cada vez melhor a pegar. O toiro tinha dificuldades, um sério “murube” de João Gaspar, que galopou mas não humilhava. Quase no fim da faena, lesionou-se na mão direita, não podia complicar, e foi exactamente o que fez, calmo no cite como é seu apanágio, mandou no toiro, e com o grupo a ajudar irrepreensivelmente fechou a nossa actuação com muita segurança e querer, à primeira tentativa.

Não quero deixar de referir que é sempre uma alegria enorme olhar para as bancadas e ver tantos antigos forcados e amigos/as do GFAS a assistir às corridas desta Grande Família.

Um grande e forte abraço,

Venha vinho!
Venha vinho!
Venha vinho!

Nelson Ramalho

 

Letra e música das Sanjoaninas 2016
Angra, uma capital no coração do Atlântico
Refrão:


“São João de cor intensa,
Bate forte neste peito.
E, bailando do teu jeito,
Agrada-te o grande feito
De esta ilha ser imensa.
Capital de mar irmão,
Cuida sempre do que vem.
Ó Angra, berço de quem
Partiu para longo além,
Cobre o mundo de união.”

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